28 abril 2008

O que você faz pra mudar o que não aprova? - II

JJ Trellez fez um comentário sobre o post abaixo que merece maior destaque, ou seja, deve ser citado na página principal e, por isso, resolvi transformá-lo em uma nova postagem.

Isso nem é tanto pelo fato de concordar inteiramente com ele, mas pela argumentação consistente. Se tivesse opinião contrária à minha e mantivesse o raciocínio lógico, seria publicado também. (Se bem que o raciocínio lógico sempre nos levará para as conclusões apontadas).

A classe média, única interessada a fazer algo para mudar o status quo, não tem tempo para isso. Precisa trabalhar, estudar, pagar contas, criar os filhos, cuidar dos pais idosos...

Espero que haja tempo, 5 minutos por dia, ao menos, para que a classe média tente mudar o que pode, para sua própria sobrevivência. Antes que seja tarde...

Pelo que se pode compreender do texto [O que você faz para mudar o que não aprova?], existem:

- Uma minoria que vive das regalias que o sistema lhe dá, não precisa que nada mude.

- Uma imensa massa de manobra, ‘dopada’ por assistencialismos e falsos benefícios.

- Uma classe média, achatada e arrochada, por uma economia presa ao capital especulativo, ou seja, volátil, impostos sufocantes e, para completar, tolhida de liberdade de expressão.

Mas o que fazer?

A 1ª categoria detem a maior parte do capital e o poder político (além de ir a Miami e a NY fazer compras regularmente), não quer mudar.

A 2ª categoria listada, que é a grande maioria da população, não quer mudar, ja que é facilmente manipulada pela 1ª, ainda que pense o contrário, pois age com rancor e ódio, ao ver que não possui o que a classe social imediatamente superior possui (e a culpa por isso, não por sua própria inaptidão e despreparo).

E quem é essa outra classe? Sim, é a classe média, que paga colégio, paga plano médico, que paga pedágio, que paga IOF, que paga inteira no cinema, enfim, que tudo paga e nada recebe do Estado.

(Aliás, a festa das carteiras de estudante fraudulentas é mais um ‘benefício’ que os estudantes, aqueles que deveriam ser mais conscientes, fazem-se de coitados para recebê-lo, ao invés de rechaçar tal suborno para ver cinema enlatado e de baixa qualidade).

Falta cobrar? Sim, falta. Mas quando? Esta classe precisa se preocupar em trabalhar, em empreender, em vencer impostos e custos altíssimos, não lhe resta tempo, tampouco energia para reivindicar.

E a quem restaria tal tempo e tal energia? Ao que não lhes interessa mudar o status quo da nação, vejam só!

Ciclo vicioso? Sim. País viciado? Talvez. Ou seria somente a vocação de uma terra, a de ser meramente explorada e espoliada, é “tirar pau-brasil e levar pra Europa”, é vender suco de laranja para os “States” e beber suco Del Valle embalado a vácuo, vindo do México (filial de língua asteca dos próprios “States”, que vive o mesmo dilema tupiniquim) ao triplo do preço.

Esta terra “deitada eternamente em berço esplêndido”, só vai acordar quando esta mesma classe média extinguir-se, ou por falência do próprio sistema ou por desistência, ao imigrarem para países socialmente mais equilibrados, como Canadá e Austrália.

E, sinceramente, quando chegarmos a este ponto, já será tarde, tarde demais.

18 abril 2008

O que você faz pra mudar o que não aprova?

Achei isso no excelente blog “Quando o Brasil me tira o sono” :
O preocupante é que há um corpo-mole da classe média para fazer oposição a Lula e ao PT. Obviamente ela não está satisfeita com o governo (e não só porque ele não a atende, mas porque ela é o único setor da sociedade capaz de perceber os erros estruturais, já que é a menos dependente do estado), e no entanto não se movimenta, não faz barulho, não se manifesta, não diz o que pensa.
Pois é... Quando a classe alta se sente prejudicada (geralmente quando não recebe algum empréstimo a juros baixos de um banco estatal), corre aos parlamentares ou aos governantes e faz pressão através de loobies (ou algo menos publicável).

Quando a classe baixa se sente prejudicada... Não, ela não se sente prejudicada pois está recebendo a bolsa-esmola viciante. Enquanto ganhar a dose mensal dessa cocaína do caráter, não se rebelará contra o traficante.

Resta a classe-média, que além de não receber nem a bolsa-esmola, nem a bolsa-BNDES, é o único setor da sociedade capaz de perceber os erros estruturais. Mas ela não se move!

Deixa eu ser mais claro: VOCÊ NÃO SE MOVE!

O link pra matéria toda está aqui.

14 abril 2008

Sobre certas coisas politicamente corretas - II

“Arrobaram” a língua portuguesa...

Outro dia me vi surpreendido por um texto no qual li “prezad@s coleg@s”. Primeiro imaginei o que seria aquilo... Um A com estilo? Um erro de digitação?

Uma amiga me contou que era um forma de tratar indistintivamente homens e mulheres. De acordo com a teoria, “amig@s” seria ao mesmo tempo “amigos” e “amigas”.

Achei a idéia tão estapafúrdia que resolvi nem citar a mensagem inicial: “car@s coleg@s” seria então o nascimento da expressão “caros colegos”? Haveria no futuro “@s integrant@s”?

Outra dúvida era como ler uma epressão como “prezad@s coleg@s”. Eu leria “prezadarrobas colegarrobas”?

Quanta idiotice! A palavra “amigos” pode muito bem englobar homens e mulheres, tanto que não há erro em dizer ou escrever “Clara é meu melhor amigo”. Fica feio, mas não errado. Outro exemplo: “Ana é o melhor aluno da turma”.

Se eu disser que ela é a melhor aluna, falo só das mulheres. Mas, querendo falar só dos homens, preciso particularizar de alguma forma e isso prova que “aluno” sozinho não se refere só aos homens. “Marcos é o melhor aluno entre os homens.”

Sobre certas coisas politicamente corretas - I

Afro-descendente... Como respeitar um afro-descendente? Não há meios... Dá pra respeitar um negro, um preto, um mulato...

Afro-descendente é um termo de quem tem vergonha da própria cor, de quem tem vergonha de sua bagagem cultural brasileira e busca numa fictícia mãe África as razões do seu orgulho.

A África não é mãe dos nossos negros. No máximo é bisavó. A identidade cultural do negro brasileiro é riquíssima e foi criada e modificada quase que completamente no Brasil. para ficar nos exemplos mais comuns: a capoeira foi inventada no Brasil, na senzala. O candomblé foi a combinação dos cultos africanos com o catolicismo do europeu, mistura genuinamente brasileira. A feijoada, invenção brasileira. O samba... Se você for à África, a todos os países africanos, não encontrará nada parecido com a capoeira, o candomblé, a feijoada ou o samba.

Talvez seja diferente na América Central ou nos Estados Unidos. Talvez lá os negros tenham conservado a cultura de seu país (e tribo) de origem. Mas não no Brasil. Aqui os negros fizeram como todos os brasileiros fazem, misturando, mesclando e assim inovando. Não começamos isso com o Movimento Antropofágico (da Semana de Arte Moderna de 1922). Começamos isso misturando luta com dança, Maria com Yemanjá, feijão com orelha de porco e muito ritmo.

É ridículo querer parecer um embaixador de algum país africano ou soberano de alguma tribo perdida. É renunciar à própria cultura (belíssima) trocando-a por uma que não lhe pertence. É ter vergonha de si mesmo. É ser colonizado. É ser preconceituoso contra si próprio.

Meu negro, se alguém disser que você é afro-descendente, pode ter certeza de que ele quer roubar sua identidade. Dê-lhe um pisão no pé e diga bem alto:
_ Afro-descendente, não! Eu sou um negro brasileiro e tenho orgulho disso!