29 outubro 2008

Feliz (depois de amanhã)

ATENÇÃO: Escrevi o post abaixo, dia 29 de outubro, como um desabafo. Hoje, dia 24 de novembro, relendo, vejo que ele continua verdadeiro, porém eu não era a vítima, mas o algoz.

Continua então publicado, com um aviso: Se você acha que não está recebendo o amor que merece, preste atenção no carinho que está (ou não) fazendo.

Ou, nas palavras de Lair Ribeiro, que uma pessoa importante me disse: “A vida é um eco, se você não gosta do que esta recebendo, preste atenção no que esta emitindo.”

E quem nunca errou, que atire a primeira pedra...
Muita gente coloca a felicidade no futuro. Quando trocar de emprego será feliz. Quando comprar uma casa... Quando se aposentar... Graças talvez aos livros de auto-ajuda, talvez aos arquivos do PowerPoint que recebemos pela internet, esse adiamento da própria felicidade está se tornando menos freqüente. Outro engano, porém, continua.

Trata-se da pessoa que ama alguém que espera a felicidade. Este espera um novo emprego para ser feliz. Aquele espera que, com o novo emprego, a pessoa amada se torne mais feliz e, conseqüentemente, mais amorosa.

Assim como quem coloca a felicidade no futuro nunca a alcança, quem está ao lado também jamais verá esse momento de realização no qual receberá o agradecimento e a recompensa pelo tempo em que suportou toda a carga de pessimismo e desânimo. Erra duplamente: por esperar a felicidade (apesar de ser a de outrem) e por colocar a sua felicidade na dependência dessa outra pessoa.

Dia após dia o ser apaixonado se preocupa em formas de resolver os problemas da pessoa que ama. A conta no banco, o presente da amiga, a disciplina na faculdade... Cerca-a de cuidados no intuito de lhe evitar problemas e aborrecimentos. Tenta fazer o ente amado feliz de todas as formas e com todos os seus recursos físicos, mentais, financeiros e o que mais tiver.

Passam-se meses ou anos e ele não se dá conta de como a relação tem se deteriorado. Os dias se sucedem sem nenhum carinho. A paixão inicial dá lugar a uma relação de amizade e proteção em que o apaixonado se torna uma mistura de amigo, pai, psicólogo e banqueiro. Tudo, menos namorado.

O apaixonado sempre acredita que os bons dias voltarão... É só ele (ou ela) trocar o carro... Assim que a doença da mãe passar... Assim que ganhar o aumento na firma... Preso no laço da pessoa amada, ele gasta energia, tempo e dinheiro para resolver problemas que não são seus, tentando fazer feliz alguém que não procura ser feliz, colocando sua felicidade na dependência de outra pessoa.

Se o outro só vai ser feliz “amanhã” (e isso é válido enquanto houver “amanhãs”), o apaixonado, embora não se dê conta, só será feliz depois de amanhã. Até lá ambos serão infelizes.

A hora de ser feliz é agora. E isso vale tanto pra quem adia a felicidade como para quem está ao lado, esperando.

09 outubro 2008

Boxes?

Duas coisas que não entendo: crase antes de palavra masculina (assunto pra outro texto) e plural de palavra com X.

Sobre este erro, tenho batido muito com isso nos locais em que trabalho:
  • FAX não tem plural: um fax, dois fax. É a regra de tórax, cálix, bórax, ônix, fênix, índex, apêndix, látex, córtex, clímax.
  • BOX (de corrida) também não tem plural, pela mesma regra (termina em X). Um box, dois box, reta dos box.
  • Eu sei que a regra gramatical diz que as palavras estrangeiras fazem o plural de acordo com a língua de origem (latim: campus/campi, francês: bijou/bijoux). Mas fala sério! Palavras como fax, box e mouse já estão aportuguesados! Ou o plural de mouse (acessório de computador) é mice, ao invés de mouses?
  • BOXE (luta) tem plural. Assim, podemos dizer “houve demonstração de boxes no ginásio: o normal e o tailandês, aquele em que se pode dar chutes”.

06 outubro 2008

À deriva

Você já teve um dia ruim? Um dia em que parece que tudo e todos estavam contra você? Do pneu do carro furado logo cedo à falta de luz na hora do jornal e da novela, passando pelo mal humor do cônjuge e pela bronca do chefe, tem dias em que tudo acontece junto.

E as fases da vida em que nada dá certo, já as teve? No emprego os seus projetos são arquivados, a promoção vai pro seu colega chato e aquele que mais te odeia vira seu chefe... Na vida pessoal, o insucesso permanente com o sexo oposto, os amigos sem tempo e aquela tentativa de gastar energia no judô que resultou em uma torção no tornozelo esquerdo. O que está havendo?


Olhe os pássaros grandes ou os planadores. Eles conseguem voar por muito tempo sem bater as asas e sem ter motores. Como fazem pra se manter no ar? Simplesmente aproveitam as correntes de ar ascendentes pra subir e procuram não baixar muito quando pegam uma corrente descendente.

Às vezes acho que a vida também tem suas correntes ascendentes e descendentes. Nós não as vemos, assim como não vemos o ar. Mas elas nos pegam, ora em uma maré de sorte, ora em uma época de revezes.

Tudo o que podemos tentar fazer é subir o máximo que pudermos na época das vacas gordas, guardando provisões para não cair muito na época das vacas magras. Funcionou no Egito antigo. Funciona nos dias de hoje.

Por isso, tenha em mente que na vida você é um planador, não um jato ou um helicóptero. Se está numa fase boa, economize recursos pois a bonança passa. Se está numa fase ruim, tenha fé e espere, pois ela também passa.

No final das contas, estamos todos à deriva, ao sabor das correntes de ar.