21 março 2009

Mar agitado

Algumas histórias morrem na praia.

Essa sua inconstância, com constantes sumiços e reaparecimentos, me confunde. Num dia me liga, no outro não me atende. Um dia me chama no msn, no outro não responde. Deve ter lido meu e-mail, mas nunca respondeu: um desencontro?

Não entendo, não sei o que está havendo. Faço teorias, algumas bem plausíveis, mas não quero acreditar. Principalmente porque a maioria delas vai contra tudo o que eu conheço de você e tudo o que me dizem.

Poderíamos viver uma bela história juntos, mas (salvo alguma reviravolta) nosso barco naufragou antes que viessem as tempestades. Na verdade, antes até de sair do ancoradouro.

Algumas histórias começam promissoras e terminam de forma frustrante.

Poema que morre na praia
(escrito em 24 de julho de 1999)

Poema que morre na praia é assim:
Tem um ótimo começo
E um péssimo fim.

Meus amores morrem na praia.

11 março 2009

De súbito

Às vezes acontecem coisas inexplicáveis de uma hora para outra. E nos perguntamos o porquê.

Primeiro é bom lembrar que as coisas inexplicáveis acontecem mesmo de repente. É exatamente por acontecerem subitamente que se tornam ainda mais inexplicáveis.

Você está lá, certo de que vai acontecer algo e... Não acontece! (Ou o contrário, que é pior: acontece o que você não esperava). A empresa que ia te contratar contratou outro. A pessoa com quem você ia pro cinema vai ver o filme com outra. O seu filho mais calmo brigou na escola. Pá! Puf!

Acho que parte das pessoas não pensa muito nisso. Balança a cabeça e parte pra outra. Eu não. Eu me pergunto os motivos. Não sei se isso foi um hábito adquirido por causa da minha formação acadêmica ou se por já ser assim desde a infância terminei escolhendo uma carreira ligada às exatas.

Os números não traem. Dois e dois sempre serão quatro. A derivada de x ao quadrado é o dobro de x. O quadrado da hipotenusa é... Você entendeu. Os números não decepcionam.

As pessoas sim. Uma sequencia numérica dá pra saber pra onde vai. Uma sequencia de encontros pode desandar de uma hora pra outra. (Na verdade às vezes há “outra força atuando na estrutura”, mas você não sabe. Só que também pode não ter força oculta alguma e acontecer.)

As coisas não precisam de porquês. Alguns fatos acontecerão sem justificativas e sem explicações. Não perca tempo procurando os motivos. Não perca o sono buscando explicações. Faça racionalmente o que outros fazem por instinto: balance a cabeça e continue sua vida.

03 março 2009

Exílio

para Aridni Aruom, a partir de um haikai de Milford Maia
Um exílio me impõem
e outro exílio procuro
Necessário é o encontro
seja de trabalho, de outrem
ou de mim mesmo.

Navego mares antes navegados
e oceanos nos quais naufraguei.
Que surpresas me reservam os ventos
desta vez?

Exilado, me perco
Exilado, me acho
Exilado, me encontro
(eu acho)