13 abril 2007

Você ligaria?

Hoje me deparei com uma notícia que, infelizmente, não é tão incomum: “criança morre depois de ser esquecida no carro” (Você pode ler a notícia aqui: Terra).

Não sei se a notícia é mais freqüente devido aos avanços na área das comunicações ou se os pais andam esquecendo seus filhos devido ao stress desse mundo moderno. Mas essas são indagações para outros dois textos. O que me chamou mais atenção nesse texto foi o seguinte:
“Como está de férias, ele retornou para casa e não teria lembrado que o filho estava no carro. Apenas depois de receber um telefonema da mãe da criança, o pai percebeu que havia esquecido o menino dentro do veículo.”
O que vou dizer agora pode ter acontecido tanto quanto pode ser somente minha imaginação.

A mãe chega no trabalho, sobe pelo elevador e senta-se na sua mesa. Enquanto liga o computador, olha para o lado e vê o porta-retrato com a foto da família. Pensa no filho. Em seguida pensa no marido.

Ele saiu de casa com sono. É um bom marido e um bom pai. Mas saiu de casa com sono. Ela pensa “será que ele lembrou que o bebê estava no carro?”

A idéia é absurda. Quem acredita em poderes da mente, acredite que foi um aviso parapsicológico, uma previsão, o que for. Na hora ela só pensou que era uma idéia absurda.

Computador ligado, começou a digitar seu relatório, fazer a planilha ou o que quer que fosse seu afazer. Mas entre um parágrafo e outro, a idéia voltava à mente. “Será que ele lembrou de tirar o bebê do carro?”

Balançou negativamente a cabeça, como se quisesse espantar as idéias. Levantou e foi ao bebedor. Bebeu lentamente um copo d’água. Por mais que fizesse, não conseguia tirar da cabeça aquela idéia maluca. E agora parecia que estava mais freqüente. E mais incisiva!

Voltando pra mesa encontrou uma amiga do trabalho. Na verdade nem era tão amiga assim, mas ela precisava falar com alguém. Era urgente colocar pra fora aquele pensamento antes que ele tomasse conta do cérebro inteiro, deixando-a louca. Se já não estivesse...

A nem-tão-amiga recém-promovida a confidente ponderou com a clareza de raciocínio que é impossível para um protagonista ter. Aconselhou que ela ligasse. O que tinha a perder?

E ela então ligou. Mas já era tarde demais...



Pode ser que essa história não tenha sido assim. Talvez ela tenha ligado na primeira vez em que pensou em ligar, só que tenha pensado tarde. Pode ser que ela tenha ligado pra saber se a empregada tinha lavado e passado o vestido que ela usaria à noite, aí perguntou se o bebê estava dormindo então o pai se lembrou.

Mas suponhamos que a história tenha acontecido da forma como narrei.
  1. Se ela liga rápido e o pai não tinha lembrado do bebê no carro, ele corre, tira o filho e todos ficam felizes;
  2. Se ela liga rápido e o pai tinha tirado o bebê, ele fica bravo por ter sido acordado (de novo), passa uns dias emburrado mas ainda consegue sorrir toda vez que embala o bebê nos braços. Depois voltam a ser uma família feliz;
  3. Se ela demora a ligar mas ele não havia esquecido o filho no carro... As coisas acontecem como no caso anterior;
  4. Se ela demora a telefonar e ele havia esquecido... Bem, foi o que aconteceu;
  5. Se ela não liga... Remorso pro resto da vida.
E você, leitor, o que faria? Espero que nunca se veja numa situação assim de tal gravidade, mas situações semelhantes acontecem cotidianamente em nossas vidas. O que vai fazer numa situação assim?

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