07 dezembro 2007

Só não pode faltar dinheiro pra mim

Notícias dos jornais em 2007:
  • Governo Federal diz que sem CPMF faltará dinheiro pra saúde
  • Prefeito de cidade X (no litoral) diz que falta recursos para deixar estradas para as praias transitáveis
  • Secretário de Saúde de cidade Y diz que não há verba para consertar ambulância
  • Secretário de Saúde estadual diz que faltam recursos para um combate eficiente à dengue
  • Governador busca recursos em organismos internacionais para concluir estradas
Como é que é? Faltam recursos?

Como podem faltar, se vereadores, prefeitos, deputados (estaduais e federais), governadores, senadores e presidente, todos aprovam aumentos em seus salários ou gratificações?

Como podem faltar recursos se ampliam-se o número de cargos comissionados para serem preenchidos pelos partidários dos governantes?

Como pode faltar dinheiro para as obras de saúde, educação e infra-estrutura se a arrecadação bate recordes ano após ano?

Da próxima vez que vierem me cobrar impostos, a vontade que tenho é de falar que eu gostaria muito de pagar, mas me faltam recursos.

13 novembro 2007

Insomnia 2

“In girum imus nocte et consumimur igni”

Essa frase latina pode ser lida de trás pra frente e tanto faz, como as noites acordado, buscando o sentido da vida e de tudo o que ocorre ou então uma forma de conseguir realizar o sonho tão longamente esperado.

Tanto faz a ordem dos pensamento à noite ou a ordem em que se lê a frase: andamos em círculos à noite e somos consumidos pelo fogo.

30 outubro 2007

Insomnia


Definitivamente tem algo que “tá” tirando meu sono.

(e não é o café...)

29 outubro 2007

O de Dante e o dos outros

Acabamos de completar 19 anos da promulgação da “Constituição Cidadã”. Aqui e acolá ouço gente maldizer a democracia, ao mesmo tempo em que nosso governantes minam as instituições democráticas para concentrar o poder em suas mãos.

O povo, ingênuo ou besta, achou que a simples assinatura da Carta Magna seria capaz de melhorar sua vida. As coisas não são assim... A democracia é um processo, um aprendizado onde povo e instituições interagem se adaptando e (tomara) aperfeiçoando.

O que são 19 ou 20 anos na história de um país? NADA! São como 19 ou 20 semanas na idade de uma pessoa. É preciso tempo para colher os frutos, é preciso vigilância e perseverança.

O povo, que esperava o milagre “por decreto”, a instantânea salvação assim que fosse assinada a Constituição, conta o tempo em segundos e acha que 20 anos são uma eternidade. Cansa-se da democracia, da obrigação de vigiar e tem-na por coisa barata.

Não percebe que aos poucos se muda o mundo (ou ao menos a pátria). Hoje, quase 20 anos após a promulgação da Constituição, começam a chegar aos postos de comando das empresas, dos tribunais e das instituições em geral as crianças de 1988. Cidadãos que não têm na formação nenhuma memória e tampouco costume das atitudes típicas da ditadura (opressão, favorecimento de uns e outros baseados em características subjetivas, etc.).

Na ditadura encontrávamos no comando pessoas que faziam o que bem queriam. De 1988 em diante, eram pessoas que faziam o correto porque eram fiscalizadas, porque se não agissem de acordo com as normas seriam punidas (mas, como primeiro precisavam ser pegas, buscavam sempre dar um jeito de burlar a fiscalização ou a norma).

Aos poucos o cenário muda para termos nas posições de chefia pessoas preocupadas em fazer o certo porque é o melhor para todos, porque se não for feito o melhor o país “vai à falência” e adeus galinha dos ovos de ouro!

No futuro, daqui a 20, 40 ou 60 anos, teremos nas posições de comando nossos filhos e netos e, talvez, eles façam o que é certo não por medo de serem pegos nem por ser o melhor para o país. Eles farão o certo porque não verão alternativa, não saberão fazer de outra forma, não conseguirão burlar ou fazer uso do “jeitinho”, suas consciências os impedirão de agir errado.

Farão o certo não por medo ou responsabilidade, mas porque fazer o certo é o certo a se fazer, sem alternativa.

24 outubro 2007

O jogo da Pollyanna

Semana passada fui comprar um livro acadêmico e enquanto esperava o vendedor procurar nas estantes, arquivos, sistemas, caixas etc. meus olhos encontraram o livro “Pollyanna”.

Seria a tão irritantezinha garota que praticamente me proíbe de reclamar de algo? Passei toda a minha infância e boa parte da juventude ouvindo alguém me mandando “fazer o jogo do contente”. Ainda hoje há quem fale isso.

Peguei o livro da estante dos livros infantis (ainda sou criança, você não?) e folheei rapidamente... Sim, era a tal, a que desejava conhecer pra entender. Seria possível alguém ser tão irritantemente otimista?

O vendedor chegou com o livro. Acrescentei Pollyanna, paguei e saí.

Descobri que Pollyanna não é chata e que o jogo do contente é ótimo. Mas há uma grande diferença entre ficar contente com qualquer situação e ficar contente em qualquer situação.

Pense nisso. Depois volto a esse assunto.

26 setembro 2007

Sobremesa diet para consciência zero

Vi uma matéria revoltante no Yahoo! Brasil Notícias (link): Sobremesa mais cara do mundo custa US$ 14.500

Transcrevo-a na íntegra:
Colombo, 25 set (EFE).- Um luxuoso hotel do Sri Lanka oferece o que, segundo seus criadores, é a sobremesa mais cara do mundo, com frutas, pão de ouro e champanhe, ao custo de US$ 14.500.

A sobremesa é um dos pratos principais do hotel "The Fortress", da cidade litorânea de Galle, um dos centros turísticos da ilha.

"O que torna a sobremesa cara é a água-marinha de 80 quilates que colocamos sob a figura de chocolate como decoração", afirmou o chef do hotel, Wije Kone.

Com o sugestivo nome "A Fortaleza do Indulgente Pescador Ancudo", a sobremesa é uma tentativa da equipe culinária do hotel de criar uma "representação simbólica" do ambiente exótico que o estabelecimento oferece a seus clientes.

O prato é uma combinação de pão de ouro e prata com cassata italiana, Irish cream, manga e champanhe como base do exótico doce, decorado com uma escultura de chocolate que representa um pescador, apoiado sobre uma estrutura que sustenta a água-marinha.

"As águas-marinhas são fornecidas pela Corporação de Pedras Preciosas do Sri Lanka", afirmou Kone, que acrescentou que o doce vem em um cilindro de calda de açúcar cristalizada.

Segundo a lenda regional, a água-marinha possui poderes relaxantes e de cura e tem efeitos positivos nas relações humanas, valores que a direção do hotel quer tornar seus.

A cor azul da pedra preciosa pretende ser reflexo do oceano, uma das principais atrações que levam os turistas a Galle, enquanto o pescador é o símbolo do hotel.

Segundo a empresa, várias pessoas mostraram seu interesse em degustar a delícia.

Agência EFE

Ah, as fotos não são da notícia, tá... Mas eram nelas que eu pensava enquanto lia a notícia.

08 setembro 2007

Velocidades

Às vezes a vida está tão corrida que não dá tempo de escrever.
Outras vezes ela está tão parada que não há o que contar.

Nossa vida está de um dos dois jeitos...
(Alesya, Aleste e Scotch)

22 agosto 2007

10 vantagens de ser amigo de uma menina

(por Leandro Simões)

  1. Poder chorar ao lado de alguém sem ser chamado de boiola.
  2. Ter uma pessoa para proibir você de comprar um presente absurdo no aniversário da sua namorada.
  3. Saber antes de todos os meninos do colégio que aquela peruinha, amiga dela, resolveu retocar o narigão e vai fazer plástica.
  4. Ganhar mais fácil a confiança das amigas dela, principalmente daquela gracinha de blusa vermelha, olhos verdes, cabelos pretos, 1,65m...
  5. Ter por perto alguém que entenda mais de moda, para resolver dúvidas que jamais seriam tiradas com o melhor amigo.
  6. Fazer inveja no irmão mais velho quando ela liga pra sua casa, já que só os marmanjos do futebol telefonam para ele.
  7. Ter alguém para defender você numa roda de amigos quando você deixa escapar que acha o Reynaldo Gianecchini bonitão.
  8. Ter alguém para quem pedir emprestado o CD dos Backstreet Boys, aquele que você tem vergonha de comprar.
  9. Fingir que ela é sua namorada numa festa, para deixar a menina de quem você está afim subindo pelas paredes - ou vai dizer que elas não preferem menino acompanhado?
  10. Deixar sempre aquele ponto de interrogação na turma: “Mas será que eles são só amigos?”
FONTE: Revista CAPRICHO - 16/julho/2000 - pg 67.

10 vantagens de ser amiga de um menino

(por Teté Ribeiro)
  1. Ter uma opinião que importa, sem nenhuma concorrência ou interesses sobre a sua roupa.
  2. Nunca ficar sem par nas festas de formatura dos amigos ou no casamento de parentes.
  3. Pedir 1 milhão de CDs emprestados e ficar meses com eles.
  4. Se sentir uma estudiosa da espécie humana quando ele pede conselhos para as coisas mais simples do mundo.
  5. Andar com ele desperta todo tipo de comentário. Depois, dá pra desmentir as fofocas conforme for conveniente.
  6. Ter um ombro largo na hora que a rede de fofocas fugir do controle.
  7. Nas fases de desespero, fazer um pacto: se até os 25 anos os dois estiverem sozinhos, se casam.
  8. Não precisar ler manual: basta comprar o aparelho eletrônico, chamar o garoto para tomar um lanche e está desvendado qualquer mistério eletrônico.
  9. Ter absoluta certeza de que os homens são todos iguais: bobos, chatos e irresistíveis.
  10. Ter absoluta certeza de que ele é diferente. Assim como o último menino que você beijou.
FONTE: Revista CAPRICHO - 16/julho/2000 - pg 67.

23 julho 2007

Empatia 2

Dia 1º de maio desse ano, escrevi um texto chamado “Empatia” no qual falava de um vídeo que depreciava as mulheres e na dificuldade que o brasileiro tem de se colocar no lugar dos outros.

Esses dias conheci a história de Natalie Gilbert, uma garota de 13 anos que foi escolhida para cantar o hino nacional americano no primeiro jogo das finais da NBA. Estádio lotado, quase 20.000 pessoas... Ela começa “Oh, say! can you see by the dawn's early light / What so proudly we hailed at the” e... DEU BRANCO!

O vídeo é lindo. É emocionante ver como o técnico do Portland Trail Blazers, Mo Cheeks, dá o suporte emocional para Natalie terminar o hino. O público, que tinha ensaiado uma vaia, termina por cantar junto e aplaudir a garota. No final, o técnico sussurra para ela “Não se preocupe, garota, todos nós temos um jogo ruim de vez em quando”. A história pode ser vista no excelente blog Caixa Preta.

Em outro blog, vi que algumas pessoas se sentem como se jamais tivessem um jogo ruim. Acreditam que conseguiram satirizar a garota? Pois veja a história aqui, num belo post que fala também de empatia. Faço minhas as palavras de Juca: “Eu não sei se estou ficando muito chato, mas não consigo ver graça no vexame alheio.”

22 julho 2007

O amor da sua vida

Aos grandes amigos se permite muitas coisas perigosas, inclusive falar coisas que podem magoar, sem que recebam alguma resposta imediata e raivosa.

_ Esse foi o amor da sua vida.

Assim um grade amigo encerrou um assunto. O primeiro impulso foi negar, a primeira vontade foi sair. Mas não era qualquer amigo que falava: era um grande amigo.

Qualquer palavra merece tanta consideração quanto damos às pessoas que as dizem. Assim, as coisas ditas por nossos familiares e pelos grandes amigos merecem toda a consideração do mundo. Passei dias com aquela frase na cabeça...

Não se tratava de negar por negar. Nem como um ato de desespero, negando um fato. Porque não era um fato, parecia uma sentença mas eu sentia que não estava obrigado a obedecer!

O grande amor da vida da gente não magoa, não fere, não trai, não inventa mentiras, não difama, não envenena... Porque o grande amor da vida da gente é, antes de tudo, amor e por isso “é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” e também porque “o amor jamais acaba” (I Cor 13:4-8).

Ora, de um lado podia ser benigno, mas do outro não era. De um lado era sofredor, do outro pouco importa. De uma parte tudo sofria, tudo cria, tudo esperava e (quase) tudo suportou, mas de outra parte era invejoso e soberbo, se vangloriava, se portava inconvenientemente e principalmente se irritava. Então não foi o grande amor da minha vida, pois de outra parte amor nunca foi.

Mas, se não foi amor o que recebi, restava a questão principal: eu já tivera o “amor da minha vida”?

Ora, que amei não nego. E engana-se quem pensa que amamos somente uma vez na vida.
Mas esse só vai ser o grande amor da minha vida se eu deixar: se eu desacreditar o amor, se eu me fechar para todas as novas experiências, se eu me tornar uma pessoa amarga.

Esse foi o grande amor da minha vida? Existe isso de “o amor de uma vida”? E, caso exista, está limitado a acontecer uma única vez?

Ora, a frase dita “esse foi o amor da sua vida” poderia até soar como uma sentença, mas somente se eu deixar que assim seja. Seria uma grande ingratidão minha com o mundo inteiro se eu deixasse que a pessoa que provavelmente menos me amou se tornasse o grande amor.

Então eu escolho que meu grande amor ainda não veio. O amor da minha vida pode ser o próximo, pode ser o outro, pode ser o seguinte. Pode ser o último (tomara que seja!). E pronto!

O grande amor da nossa vida não é uma sentença. Ele é uma escolha!

PS: E, no fundo, acho que amei mais outras pessoas antes e depois desse tal “grande amor”.

04 julho 2007

O Meu Olhar (de Alberto Caeiro)

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Recebi esse texto por e-mail de uma amiga. Embora não costume postar textos de outros autores, acho que ela tinha razão quando disse que este texto combina com o blog. Obrigada.

27 junho 2007

Paciência e perseverança

Sentada no parque, serena. O Sol lança seus raios por entre as árvores, mas ainda assim o frio é cortante.

Nem o Sol, nem o frio a incomodam enquanto ela espera. Espera o quê? Não sei. Pode ser um amigo, pode ser um amor. Um parente? Um pensamento? Talvez somente a hora de ir pra casa.

Percebo que está tranqüila. Aproveita o tempo para refletir ou para observar o movimento. Talvez os olhos procurem discos voadores no céu...

Não sei o que ela aguarda, mas sei que é importante. Pacientemente espera e sabe que uma hora o que espera vai chegar. Nem o Sol, nem o frio lhe impedirão de ser feliz.

13 junho 2007

Um dia especial

Aleste, Scotch e eu decidimos fazer um Dia dos Namorados diferente.

O dia começou como todos os outros começam, não sei pra que tanto espanto. O Sol nascendo e me acordando aos poucos, mas não tudo. E o despertador terminando o serviço num susto que me fez pular da cama. Nenhuma cesta de café da manhã, nada de flores, nem chocolate ou presente algum. Nem podia ser diferente.

Ao contrário de outros anos em que ou estava namorando neste dia ou ficava de mal-humor (e algumas vezes as duas coisas), este ano estava bem. Só e bem, obrigado!

Durante o dia, um ou outro “Feliz Dia dos Namorados!” desejado por alguém (na maioria das vezes pra tirar onda mesmo) e aqui e acolá um bem humorado “já ganhou presente? tem até meia-noite pra arrumar quem te dê”.

No fim da tarde comentei com Aleste e Scotch.

Se o clima “romântico” (leia-se “comercial”) não nos contagiou pra ficarmos alegre, muito menos a ausência de ter com quem compartilhar essa data nos deixou triste.

Aliás, essa foi a grande sacada do dia. Estávamos sós e bem. Resolvemos que íamos fazer algo para comemorar e assim fizemos:

À noite fomos para um barzinho e tomamos vinho e conversamos muito. Não foi uma reunião de pessoas tristes com dor de cotovelo. Muito ao contrário, estávamos deveras felizes!

Se o dia é dos namorados, com muito mais propriedade o é dos verdadeiros amigos. É o dia do amor e se chamam de “amor” o relacionamento entre um homem e mulher que hoje estão juntos e amanhã nem se falam, com muito mais propriedade então o dia é de amigos que se amam realmente.

PS: Alguns rapazes tiveram (muita) inveja do Scotch. Várias pessoas tiveram dificuldades de entender duas mulheres e um homem na mesma mesa no dia dos namorados tomando vinho, conversando e sorrindo. Para elas, é difícil entender uma amizade verdadeira, desinteressada, principalmente entre pessoas de sexos opostos.

29 maio 2007

A causa dos problemas do Brasil

Boa parte dos problemas ditos sociais no Brasil decorre, acreditem, da degeneração de costumes, da falta do respeito básico e elementar do marido por sua mulher, da mulher por seu marido, do casal por seus filhos, dos filhos pelos pais. Isso em qualquer classe social, tenham as pessoas a escolaridade que for.”
(Reinaldo Azevedo - 29/05/2007 in “Reinaldão, um feminista, Renan e o que diria Cícero”)

Fonte: http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2007/05/reinaldo-um-feminista-renan-e-o-que.html

19 maio 2007

ATÉ QUANDO?

Maiakovski, poeta russo, foi assassinado “suicidado” após a revolução de Lênin, no início do século XX. Eduardo Alves da Costa, fluminense, escreveu uma poesia chamada “No caminho, com Maiakovski” (publicada em 1985 em livro homônimo) que diz assim:

«Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.»
[
Eduardo Alves da Costa (1936 - ...) - explicação e poesia completa aqui]

Bertold Brecht, cujo texto mais conhecido se chama “O Analfabeto Político” (e está nos comentários do post “Valores”), escreveu:
«Primeiro levaram os negros, mas não me importei com isso; eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso; eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis, mas não me importei com isso, porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados, mas como tenho meu emprego, também não me importei.
Agora estã
o me levando, mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.»
[Bertold Brecht, (1898-1956)]
Martin Niemöller, símbolo da resistência aos nazistas, escreveu em 1933, sobre a inatividade dos intelectuais alemães sobre a subida dos nazistas ao poder e eliminação de seus adversários, grupo após grupo:

«Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram
e já não havia mais ninguém para reclamar.»

[Martin Niemöller, (1892–1984)]


Cláudio Humberto publicou um texto inspirado nestes:
«Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...»
[Cláudio Humberto, em 9/Fev/2007, aqui, sob o título “Realidade paralela no Rio”]


O incrível é que por mais que uns e outros falem, continuamos desamparados, inertes e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições, e nos deixam, como meros cidadãos, apenas os ossos roídos e o direito ao silêncio ― porque a palavra, há muito se tornou inútil…

― O QUE ESTAMOS FAZENDO, E, ATÉ QUANDO?

Control+C, Control+V

Não gosto muito de copiar idéias de outros e muito menos as postagens dos outros blogs. Mas vá lá, às vezes alguém fala algo tão perfeito que não há como reescrever ou o que acrescentar. E às vezes é tão pertinente que não resisto à vontade de colocar no meu blog. Então fui em http://torneimeumebrio.blogspot.com/2007/04/at-quando.html, copiei (Control+C) e colei (Control+V).

Deixei um comentário lá pedindo autorização. Se ele não deixar, depois eu apago.
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Update: tive que corrigir algumas coisas e o texto ficou diferente. Vê, sempre há o que reescrever ou acrescentar.

12 maio 2007

Valores

Nossos governantes deviam agir com respeito aos valores de ética, moral e honestidade.


Infelizmente a maioria deles só entende de valores acima de seis dígitos.

04 maio 2007

Para uma amiga (com quem tive a felicidade de trabalhar)

Nenhum homem, por mais fé que tenha, conhece os desígnios de Deus para sua vida.

O homem temente a Deus faz o que acha certo na sua vida, pedindo orientação divina, mas esta nem sempre é clara.

Por vezes teimamos naquilo que achamos correto, justo e bom. Sem resultado.

Isso acontece porque nossa vontade é oposta à dEle. Não por ser pecado, não por ser errada (poderia ser, mas não neste caso). Simplesmente Ele tem algo melhor a nos oferecer, então não permite que nossos desejos prevaleçam.

Fazemos o quê? Esperamos sentados que Ele revele Sua vontade, em atitude de contemplação? Não, de forma alguma! Tentamos de todas as formas realizar nossos sonhos, já que não temos como saber Seus desígnios.

Quando nossos esforços quedam em vão, finalmente a Sua vontade pode se concretizar, realizando em nossa vida o que Ele nos reservou.

O que é? Não sei. Mas essa é a única vantagem de ter fé nesses casos: aceitar que nossos esforços foram infrutíferos, embora sinceros, e aguardar pacientemente que o bem maior se revele em nossa vida.

Boa sorte, amiga. Estamos torcendo por você, confiando que a sua felicidade não tardará.

“O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos.”
(Provérbios 16:9)

03 maio 2007

Futuro

_Oi, você nem falou comigo...
_É... Sabe, eu não posso te esperar para sempre.

_Eu sei... Mas eu não posso te dar nada. Pelo menos não agora.

_Você acha mesmo isso?

_Eu tenho certeza. Você merece mais do que tenho a oferecer.

_Não me venha com essa conversa de merecimento!

_Sério. Você precisa de mais do que tenho a oferecer.

_Se você acha isso...

_Eu sinto isso. E sinto muito também.

_Tá...

_Foi bom.

_O quê?

_Como assim?

_O que é que foi bom?

_Isso. O que vivemos.

_Mas não vivemos nada!

_Vivemos. Um sonho, se não mais.

_É, foi. Um sonho. Foi bom. De alguma forma, foi.

_Você acha que ainda temos chance?

_Não sei. Não gosto de pensar no futuro. Não costumo planejar nada. E o futuro a Deus pertence, não é?

_É verdade. E o futuro é cheio de possibilidades.

_Você deveria dizer “oportunidades”.

_É.

_Então tá.

_Desculpa.

_Você não fez nada.

_Por isso mesmo...

_Olha, tenho que ir agora. Outra hora a gente se fala mais.

_Tá.

_Adeus.

_Adeus?

_Foi maneira de dizer.

_Ah! Soou forte...

_Tchau, então.

_Tchau.

_Você é uma pessoa boa.

_...

02 maio 2007

Cavalheirismo

Só conheci até hoje duas mulheres que não gostavam de gentilezas.

Uma dizia que o cavalheirismo seria um instrumento de dominação machista.

A outra era ainda mais idiota.

01 maio 2007

Fim do blog

Dia 17 passado coloquei um texto que dizia “Acho que é assim que tudo termina...”. Bem, não era o blog que terminava. Era outra coisa, mais pessoal: uma fase, um sentimento, um pensamento, algo assim.
O blog continua vivo, como mostra a postagem abaixo, embora tenha passado um tempo sem novidades. (É difícil escrever quando algo acaba).

Empatia

Empatia sf. Tendência para sentir o que sentiria, se estivesse em situação vivida por outra pessoa. (Dicionário Aurélio)
Há um vídeo em páginas da internet e circulando por mensagens de correio eletrônico (no meu e-mail mesmo já chegaram 3, devidamente encaminhadas à lixeira) no qual um homem puxa blusas ou saias (e às vezes até a roupa íntima) de mulheres andando na rua.

Falei com amigos. Muitos acharam engraçado. (Scotch, graças a Deus, não). Não sei que graça tem.

Qualquer pessoa que já tenha sonhado que estava nua (e esse é um sonho recorrente na infância) sabe o quão constrangedor é essa situação.

Mais do que isso, a atitude é humilhante demais, ao impedir qualquer reação da vítima que, entre perseguir o estúpido autor e se vestir, prefere obviamente se recompor. A covardia do autor desses atos é algo que há do mais profundo machismo, do qual todos os homens deveriam se envergonhar. Rebaixa, humilha e envergonha a mulher.

Outro dia, em um aniversário, exibiram esse vídeo. Quase todos os homens riram. E se as vítimas fossem suas mães, irmãs, esposas, namoradas ou filhas? Continuariam achando engraçado? Algumas mulheres - pasmem - riram também. E se fosse com elas?

Mas o brasileiro em geral tem uma enorme dificuldade de se colocar no lugar do outro. E disso decorre toda a sua falta de educação e respeito.

17 abril 2007

Acho que é assim que tudo termina...

13 abril 2007

Você ligaria?

Hoje me deparei com uma notícia que, infelizmente, não é tão incomum: “criança morre depois de ser esquecida no carro” (Você pode ler a notícia aqui: Terra).

Não sei se a notícia é mais freqüente devido aos avanços na área das comunicações ou se os pais andam esquecendo seus filhos devido ao stress desse mundo moderno. Mas essas são indagações para outros dois textos. O que me chamou mais atenção nesse texto foi o seguinte:
“Como está de férias, ele retornou para casa e não teria lembrado que o filho estava no carro. Apenas depois de receber um telefonema da mãe da criança, o pai percebeu que havia esquecido o menino dentro do veículo.”
O que vou dizer agora pode ter acontecido tanto quanto pode ser somente minha imaginação.

A mãe chega no trabalho, sobe pelo elevador e senta-se na sua mesa. Enquanto liga o computador, olha para o lado e vê o porta-retrato com a foto da família. Pensa no filho. Em seguida pensa no marido.

Ele saiu de casa com sono. É um bom marido e um bom pai. Mas saiu de casa com sono. Ela pensa “será que ele lembrou que o bebê estava no carro?”

A idéia é absurda. Quem acredita em poderes da mente, acredite que foi um aviso parapsicológico, uma previsão, o que for. Na hora ela só pensou que era uma idéia absurda.

Computador ligado, começou a digitar seu relatório, fazer a planilha ou o que quer que fosse seu afazer. Mas entre um parágrafo e outro, a idéia voltava à mente. “Será que ele lembrou de tirar o bebê do carro?”

Balançou negativamente a cabeça, como se quisesse espantar as idéias. Levantou e foi ao bebedor. Bebeu lentamente um copo d’água. Por mais que fizesse, não conseguia tirar da cabeça aquela idéia maluca. E agora parecia que estava mais freqüente. E mais incisiva!

Voltando pra mesa encontrou uma amiga do trabalho. Na verdade nem era tão amiga assim, mas ela precisava falar com alguém. Era urgente colocar pra fora aquele pensamento antes que ele tomasse conta do cérebro inteiro, deixando-a louca. Se já não estivesse...

A nem-tão-amiga recém-promovida a confidente ponderou com a clareza de raciocínio que é impossível para um protagonista ter. Aconselhou que ela ligasse. O que tinha a perder?

E ela então ligou. Mas já era tarde demais...



Pode ser que essa história não tenha sido assim. Talvez ela tenha ligado na primeira vez em que pensou em ligar, só que tenha pensado tarde. Pode ser que ela tenha ligado pra saber se a empregada tinha lavado e passado o vestido que ela usaria à noite, aí perguntou se o bebê estava dormindo então o pai se lembrou.

Mas suponhamos que a história tenha acontecido da forma como narrei.
  1. Se ela liga rápido e o pai não tinha lembrado do bebê no carro, ele corre, tira o filho e todos ficam felizes;
  2. Se ela liga rápido e o pai tinha tirado o bebê, ele fica bravo por ter sido acordado (de novo), passa uns dias emburrado mas ainda consegue sorrir toda vez que embala o bebê nos braços. Depois voltam a ser uma família feliz;
  3. Se ela demora a ligar mas ele não havia esquecido o filho no carro... As coisas acontecem como no caso anterior;
  4. Se ela demora a telefonar e ele havia esquecido... Bem, foi o que aconteceu;
  5. Se ela não liga... Remorso pro resto da vida.
E você, leitor, o que faria? Espero que nunca se veja numa situação assim de tal gravidade, mas situações semelhantes acontecem cotidianamente em nossas vidas. O que vai fazer numa situação assim?

09 abril 2007

Distância

“Isso era o mínimo que eu podia fazer.
Embora fosse o máximo que dava pra fazer hoje, à distância.”

07 abril 2007

Cajuína

Há um mito de que Caetano tenha feito a música “Cajuína” para Teresina. Não é verdade!

A música foi composta pro Dr. Eli, pai de Torquato Neto. Ele, pessoa sensacional, humilde, simples, de uma amabilidade fenomenal, não lhe reclama que lhe tomem o que é seu de direito. E escuta contarem como verdade o mito falso de que a “Cajuína” é de Teresina.

Leia a letra da música, tente ver alguma homenagem a Teresina... Depois eu volto.

Cajuína
Caetano Veloso

Existirmos a que será que se destina
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina



Viu alguma coisa homenageando Teresina? Falou do Rio Poty? Da ponte metálica? Do encontro dos rios? Do Troca-troca? Não, né? Pois é... Não tem nada de Teresina.

No livro “Pra mim chega - A biografia de Torquato Neto”, Toninho Vaz conta:
(Em 1979,) Caetano compõe e grava Cajuína, escrita depois de uma visita a doutor Heli, em Teresina, que lhe deu a rosa pequenina colhida no jardim da casa, na Coelho de Resende. Sobre esse encontro, doutor Heli diria: “O rapaz chorou muito aquele dia”. (Edt. Casa Amarela - pág. 207)
Tá, você pode achar que não prova nada. Então, que tal as palavras do próprio Caetano Veloso?
Numa excursão pelo Brasil com o show Muito, creio, no final dos anos 70, recebi, no hotel em Teresina, a visita de Dr. Eli, o pai de Torquato. Eu já o conhecia pois ele tinha vindo ao Rio umas duas vezes. Mas era a primeira vez que eu o via depois do suicídio de Torquato.

Torquato estava, de certa forma , afastado das pessoas todas. Mas eu não o via desde minha chegada de Londres: Dedé e eu morávamos na Bahia e ele, no Rio (com temporadas em Teresina, onde descansava das internações a que se submeteu por instabilidade mental agravada, ao que se diz, pelo álcool).

Eu não o vira em Londres: ele estivera na Europa mas voltara ao Brasil justo antes de minha chegada a Londres. Assim, estávamos de fato bastante afastados, embora sem ressentimentos ou hostilidades. Eu queria muito bem a ele. Discordava da atitude agressiva que ele adotou contra o Cinema Novo na coluna que escrevia, mas nunca cheguei sequer a dizer-lhe isso.

No dia em que ele se matou, eu estava recebendo Chico Buarque em Salvador para fazermos aquele show que virou disco famoso. Torquato tinha se aproximado muito de Chico, logo antes do tropicalismo: entre 1966 e 1967. A ponto de estar mais freqüentemente com Chico do que comigo. Chico eu eu recebemos a notícia quando íamos sair para o Teatro Castro Alves. Ficamos abalados e falamos sobre isso. E sobre Torquato ter estado longe e mal.

Mas eu não chorei. Senti uma dureza de ânimo dentro de mim. Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental. Quando, anos depois, encontrei Dr. Eli, que sempre foi uma pessoa adorável, parecidíssimo com Torquato, e a quem Torquato amava com grande ternura, essa dureza amarga se desfez. E eu chorei durantes horas, sem parar.

Dr. Eli me consolava, carinhosamente. Levou-me à sua casa. D. Salomé, a mãe de Torquato, estava hospitalizada. Então ficamos só ele e eu na casa. Ele não dizia quase nada. Tirou uma rosa-menina do jardim e me deu. Me mostrou as muitas fotografias de Torquato distribuídas pelas paredes da casa. Serviu cajuína para nós dois. E bebemos lentamente. Durante todo o tempo eu chorava.

Diferentemente do dia da morte de Torquato, eu não estava triste nem amargo. Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Eli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei. No dia seguinte, já na próxima cidade da excursão, escrevi Cajuína.
(Veja em http://oglobo.globo.com/blogs/moreno/post.asp?cod_Post=10886)

Agora, volte lá pro início do post e leia a letra, desta vez sabendo como foi feita.

Entendeu a letra agora? Então, faz um favor pro “homem lindo”, pai do “menino infeliz”: passe essa história pra frente.

31 março 2007

Preço e valor



“Um homem que se vende não vale o que lhe pagam.”

(Qualquer que tenha sido a quantia negociada.)


30 março 2007

O uso das aspas

Não, não é assunto de português não...

As duas manchetes, notícias e fotos abaixo são da Agência Reuters. Comparem as manchetes e as fotos, em seguida tirem suas conclusões sobre o que quiserem (imparcialidade da imprensa, maus tratos em Guantánamo, o fim da história ou a venda do pão francês a quilo).
  1. Prisioneiro de Guantánamo assume atentados de 11 de setembro

  2. TV iraniana mostra britânicos capturados e "confissão"



PS: Sou contra Guantánamo, contra algumas políticas dos EUA, contra o programa nuclear do Irã, contra a tendenciosa imprensa "neutra" (olha o uso das aspas de novo!!!) e contra a venda do pão francês a quilo.

22 março 2007

Te desejo uma história feia!

Grande parte das belas histórias de amor são tristes. Talvez sejam belas exatamente por serem tristes. Claro que é bonito ver um final romântico, com o casal de protagonistas se abraçando ao pôr-do-sol. Mas não é lindo. Não como “Romeu e Julieta”, nem como “E o vento levou...”, nem ao menos tão bonito quanto aquele filme que você viu no DVD ou na TV por assinatura ontem à noite.

Ontem estava lembrando de um dos mais belos clips que já vi: “All I Want Is You”, do U2. veja o clip clicando aqui. Não faz mal não saber falar inglês. Basta, talvez, saber que a tradução do título é “Tudo o que eu quero é você”. Vá ver e depois continuo.

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Viu? Observou como o anão era completamente apaixonado pela trapezista? Pensando em fazê-la reparar nele, em atrair-lhe a atenção e a devoção (e não somente a simpatia), resolveu deixar de lado o que sabia fazer e partir para algo completamente desconhecido, para a área da sua “amada” e do homem por quem ela era apaixonada: o trapézio. No final, a queda.

Não poderia ser diferente. Ele nunca havia treinado trapézio e além disso os aparelhos não estavam ajustados para sua altura, para o comprimento de seus braços, etc. Mas também não poderia ser diferente pois é isso que acontece sempre que deixamos de ser nós mesmos para sermos quem a pessoa amada quer que sejamos: a morte, figurativa ou real.

A história é linda pra quem está de fora. Só quem a vive sabe o quanto dói, o quanto se sofre. É lindo ver, em nome do amor, uma pessoa se humilhar, se abnegar, se suprimir, se dedicar, se anular.

É uma história linda exatamente por ser triste. Por isso mesmo, eu desejo, meu amigo, que todas as tuas histórias sejam feias.

Para saber mais sobre o vídeo e a música:
Vídeo - Making of - Letra - Tradução


20 março 2007

Fábula moderna

Autor desconhecido

Uma galinha achou alguns grãos de trigo e disse a seus vizinhos:
“Se plantarmos este trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar a plantá-lo?”

“Eu não”, disse a vaca.
“Nem eu”, emendou o pato.
“Eu também não”, falou o porco.
“Eu muito menos”, completou o bode.

“Então eu mesma planto”, disse a galinha.
E assim o fez. O trigo cresceu alto e amadureceu em grãos dourados.

“Quem vai me ajudar a colher o trigo?”, quis saber a galinha.

“Eu não”, disse o pato.
“Não faz parte de minhas funções”, disse o porco.
“Não depois de tantos anos de serviço”, exclamou a vaca.
“Eu me arriscaria a perder o seguro-desemprego”, disse o bode.

“Então eu mesma colho”, falou a galinha, e colheu o trigo ela mesma.

Finalmente, chegou a hora de preparar o pão.
“Quem vai me ajudar a assar o pão?” indagou a galinha.

“Só se me pagarem hora extra”, falou a vaca.
“Eu não posso por em risco meu auxílio-doença”, emendou o pato.
“Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão”, disse o porco.
“Caso só eu ajude, é discriminação”, resmungou o bode.

“Então eu mesma faço”, exclamou a pequena galinha.
Ela assou cinco pães, e pôs todos numa cesta para que os vizinhos pudessem ver.

De repente, todo mundo queria pão, e exigiu um pedaço.
Mas a galinha simplesmente disse:
“Não! Eu vou comer os cinco pães sozinha”.

“Lucros excessivos!”, gritou a vaca.
“Sanguessuga capitalista!”, exclamou o pato.
“Eu exijo direitos iguais!”, bradou o bode.
O porco, esse só grunhiu.

Eles pintaram faixas e cartazes dizendo “Injustiça” e marcharam em protesto contra a galinha, gritando obscenidades.

Quando um agente do governo chegou, disse à galinhazinha:
“Você não pode ser assim egoísta.”

“Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor”, defendeu-se a galinha.

“Exatamente”, disse o funcionário do governo, “essa é a beleza da livre empresa. Qualquer um aqui na fazenda pode ganhar o quanto quiser. Mas sob nossas modernas regulamentações governamentais, os trabalhadores mais produtivos têm que dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem nada”.

E todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha, que sorriu e cacarejou: “eu estou grata”, “eu estou grata”.
Mas os vizinhos sempre se perguntavam por que a galinha nunca mais fez um pão.

10 março 2007

De quem é a culpa?

Vamos supor por 1 minuto (no máximo 2 ou 3, depende mais da sua velocidade de leitura) que eu me vendi a essa tese de que “a culpa é da sociedade”. Proponho esse raciocínio. Vamos ver a que conclusões chegamos...
  • A culpa é da sociedade? Ora, o conjunto de homens (coletividade) agrupados submeteu-se a um governo por um “contrato social” (veja obra de Jean-Jacques Rousseau) para que, cada um renunciando a um pouco de sua liberdade, pudessem viver em paz e em grupo.

  • Antes desse “contrato social” os homens viviam na barbárie, cada um tomando o que lhe aprouvesse de quem quisesse, valendo a lei do mais forte, na selvageria. Sociedade governo surgem simultaneamente, quando a coletividade resolve abandonar a barbárie.

  • O problema é que em alguns Estados (Brasil, entre eles), seus governantes não transformaram essas renúncias individuais em crescimento e progresso para toda a população. Por isso os menos favorecidos resolvem “pegar no tapa” o que (acham que) lhes é devido.

  • Por outro lado, o mesmo governante deve lembrar-lhes que renunciaram (sim!) a suas pretensões de resolver com as próprias mãos, sob pena de que haja a ruptura deste contrato social e cada um passe a agir de acordo unicamente com suas próprias pretensões e vontades e se reinstale a barbárie, com desordeiros, salteadores, milícias e justiceiros.

  • É isso o que já vemos começar a acontecer e que só tende a piorar. Assim que os homens (todos) deixarem de confiar na justiça estatal (o que está perto de ocorrer), voltaremos ao estado de barbárie. Por hora, apenas o lado “menos favorecido” cansou de esperar a “justiça social” e resolveu fazer justiça pelas próprias mãos. Logo será a vez dos ricos e poderosos se protegerem de forma mais agressiva.

  • Conclui-se que o governo deve agir na área da Segurança Pública com rigor ao invés de ficar esperando que as políticas sociais (e educacionais, se houvesse alguma) surtam efeitos, o que só ocorre a longo prazo.

Concluindo... A culpa da crescente violência e criminalidade não é, sob qualquer raciocínio que se use, da sociedade: A CULPA É DO GOVERNO.

09 março 2007

Eternas 3 da manhã

Falta tempo pra fazer tudo o que quero. Aí penso: “E se o tempo parasse?”

Então me proponho outra idéia. Digamos que o tempo tenha parado. Exatamente agora. E agora. E agora. Você não percebeu? Não! Claro que não, nem poderia. Uma personagem de filme percebe quando você coloca pausa (ou pause) no DVD e vai até a geladeira? Ou mesmo se você deixar 30 minutos ou 2 horas ela parada, no meio de uma frase. Ela não percebe! Continuará a frase no mesmo instante em que parou.

Acho que a vida é assim. Nossa existência está costurados ao passar do tempo. Não faz sentido pensar em parar o tempo. Talvez ele pare. Talvez ele tenha parado 15 vezes agorinha. Só que você não ganha nem perde nada: você nem percebe.

Acho que a vida eterna será, para nós, como se passássemos para “o lado de lá” da tela. Quando o tempo passará a não ter importância. A pergunta “quanto tempo dura a eternidade?” não fará sentido pois “tempo” não existirá. Assim como, para nós, o “tempo do DVD” não faz sentido algum.

O seriado 24 Horas demora semanas para passar, posso assistir um filme em câmera lenta ou em “PLAY x2”, posso voltar a determinada cena, posso avançar e ver logo o final, posso assistir de trás pra frente... Que sentido faz o “tempo do DVD” nas nossas vidas?

Já ouviu que “o tempo de Deus é diferente do tempo dos homens”? É do mesmo jeito, com a diferença de que o DVD dEle é bem mais avançado que o nosso.
PS: Tive a idéia de escrever esse texto de madrugada, enquanto acordava pra beber água. Curiosamente, ao abrir a página inicial da Wickpedia em (que todo dia apresenta uma matéria escolhida ao acaso) ela mostrava uma matéria sobre o grupo musical KLF, cuja música de maior sucesso foi provavelmente “3 AM Eternal”. Achei que era uma boa idéia para o título dessa postagem.

01 março 2007

A culpa é sua

Transcrevo um texto do Blog La Fúria de Ocram

“Da próxima vez que você ligar a televisão e ver que um ônibus foi incendiado com pessoas vivas dentro, saiba que a culpa é sua. Da próxima vez que ver um bando de “oprimidos pela sociedade” arrastarem uma criança por 7km, saiba que a culpa é sua. Da próxima vez que você ver a Presidente do STF, que foi assaltado no mesmo Rio de Janeiro, no mesmo mês onde 9 pessoas morrem vivas e não sofreu um arranhão sequer dos criminosos e ainda pr cima levou uma bronca por não ter requisitado seguranças,saiba caro leitor, que agora ela, a mesma Presidenta do STF que considera não haver necessidade alguma de mudança de legislação criminal, agora, agorinha mesmo ela aceita sem a maior cerimônia a segurança particular.

E se você considera isso um ato normal, legítimo e decente de uma pessoa que não vê necessidade alguma para mudanças, que isso é normal para uma pessoa com um alto posto no país, caro leitor, a culpa é sua.Essa sim uma culpa de verdade. Calar nessa hora é culpa completa ao assumir sua incapacidade para contestar qualquer coisa. Isso mesmo, caro leitor, é culpa sua.”

Vale a pena ler o texto completo em http://ocram.wordpress.com/2007/02/28/as-ongs-do-crime-suas-ongentalhas-e-o-pulhador

23 fevereiro 2007

Confiança

Confiança (s.f.): Acreditar que algo está em mãos tão boas (ou até melhor) do que se estivesse consigo.

Precisa-se de mais que palavras

“Como pode um homem satisfazer-se com apenas ter uma opinião e deleitar-se com ela? Haverá nela algum deleite se sua opinião for a de que se sente lesado? Se teu vizinho te rouba um único dólar, não te contentarás em saber que foste roubado, ou em dizer que o foste, nem mesmo em pedir que ele pague o que te deve, mas tomarás providências efetivas para obter de volta toda a quantia e, ao mesmo tempo, para que não sejas novamente roubado.”
(Henry David Thoreau, in “A Desobediência Civil”)

31 janeiro 2007

Saudade

Saudade (s.f.): Impressão de estar perdendo preciosos momentos ao lado de pessoas queridas.

30 janeiro 2007

Delitos e direitos

Enquanto os juristas discutem suas teorias sobre a criminalidade, os cidadãos comuns honestos e os criminosos habitam o mundo real. Recentemente li um livro sensacional (que se fosse só pelas três transcrições abaixo já fazia por merecer a leitura).

“Os anos 60 e 70 foram um ótimo período para os bandidos urbanos na maioria das cidades americanas. A possibilidade de punição era tão pequena - esse foi o auge do sistema judicial liberal e do movimento pelos direitos dos criminosos - que não se pagava muito caro por cometer um crime.” (Freaknomics, de Steven D. Levitt & Stephen J. Dubner, página 113)

“Ao longo da primeira metade do século XX, a incidência dos crimes violentos nos Estados Unidos foi, de maneira geral, bastante constante. No início dos anos 60, porém, eles começaram a aumentar. Olhando para trás, é claro que um dos principais fatores a alimentar essa tendência foi um sistema judicial leniente. O índice de condenações caiu durante a década de 1960, e os criminosos condenados cumpriam penas menores. Essa tendência se instalou devido, em parte, à expansão dos direitos dos acusados - expansão essa, segundo alguns, há muito esperada (outros argumentam que ela teria ido longe demais). Enquanto isso, os políticos mostravam cada vez mais complacência em relação aos criminosos - “por medo de parecerem racistas”, como escreveu o economista Gary Becker, “já que os afro-americanos e os hispânicos são responsáveis por uma parcela desproporcional de delitos”. Assim, alguém inclinado a agir de forma criminosa contava com incentivos a seu favor: uma possibilidade mais remota de ser condenado e, caso o fosse, uma pena mais curta como punição. Tendo em vista que os criminosos reagem como qualquer outra pessoa a incentivos, o resultado foi uma escalada da criminalidade.” (idem, página 124)

“São muitos fortes os indícios que vinculam o endurecimento da punição com os índices mais baixos de criminalidade. Penas duras se revelaram ao mesmo tempo inibidoras (para o criminoso potencial em liberdade) e profiláticas (para o criminoso potencial já preso).” (idem, página 125)

Infelizmente, o bom senso parece ser artigo raro e os governantes, os legisladores e os juristas brasileiros parecem acreditar que nossos criminosos são melhores que os de lá. Havia outrora a crença do bom selvagem. Agora nos deparamos com a crença do bom bandido. “Papai não vai te deixar de castigo, mas bebê promete se comportar, tá bom?”

Acredita-se que o crime é fruto das desigualdades sociais e o criminoso é vítima da sociedade. Assim, fica o bandido “vítima” solto e a sociedade “culpada” presa com grades nas janelas e cercas elétricas nos muros cada vez mais altos, andando em carros blindados e sob escolta de seguranças, temendo cada vez mais por sua vida.