25 agosto 2015

Do outro lado do prédio


Do local onde trabalho dá pra ver o apartamento dela.

Quer dizer... Mais ou menos isso. Dá pra ver o prédio onde ela mora, mas seu apartamento fica por trás, do outro lado.

Eu sonho todo dia que ela vai fazer amizade com a garota que mora em frente (mora uma garota no apartamento em frente? Espero que sim... E se for um carinha sarado?)

Bem, como eu ia dizendo, eu sonho todo dia que ela vai fazer amizade com a garota que eu suponho que mora em frente a seu apartamento, porta com porta, e então ela vai passar horas conversando com a amiga na varanda. Deste modo poderei sempre a ver. Ou quase isso.

É que na verdade não dá pra ver o prédio da minha sala. Ela fica do outro lado do prédio onde trabalho. Eu precisaria ainda arrumar uma desculpa para ficar horas na sala de outra pessoa, fazendo não sei o quê.

Resumindo... Eu gosto da garota que mora no outro lado do prédio que dá pra ver do outro lado do prédio onde trabalho.

Isto é quase nada. E é quase impossível que um dia eu a veja.

Só quase...

07 julho 2015

Querido diário


Em algum dia no passado - cuja data precisa não vem ao caso neste momento - eu me graduei em uma universidade pública federal e iniciei meu mestrado pela PUC-SP.

Dividi um apartamento com outros mestrandos, fiz amizade com uma estudante coreana e com um professor mexicano que odiava tequila, discuti com um professor nascido em Dresden que me xingou em alemão (depois descobri o que era e, não se preocupem, no dia eu o xinguei de coisas até piores, estamos quites) e conheci o amor da minha vida.

Casamos logo após a defesa da monografia, com direito a recepção para 500 amigos. Fizemos juntos o doutorado no exterior e tivemos duas filhas gêmeas após a conclusão. Minha tese de doutorado foi matéria de capa na revista Science. Não a manchete principal, só uma chamada no pé da página mas já é algo a se orgulhar.

Voltamos ao Brasil, tivemos mais um filho (um menino) e, após dois anos trabalhando no Brasil, fomos contratados por uma multinacional de Hong Kong. Visitamos o Brasil frequentemente, talvez menos do que gostaríamos.

Meu pai está aposentado e muitas vezes preciso ter cuidado ao marcar a viagem para o Brasil pois ele e minha mãe vivem viajando pelo mundo, curtindo a terceira idade, e já aconteceu de nos desencontrarmos. E também já aconteceu de combinarmos férias conjuntas em Nova York. Durante muitos anos eles se desentenderam, mas por fim se reapaixonaram e hoje são uma inspiração para os casais mais novos.

Em algum dia no passado este poderia ter se tornado meu futuro. Deve ter sido em algum universo paralelo, mas não neste.

25 junho 2015

Stop!


Não é somente o blog que está parado. Acho que há dois motivos principais para blogueiros pararem de atualizar seus sites. Um é o excesso de atividades. Muitas coisas a fazer, muitos estudos ou muito trabalho ou ainda uma vida social ativa. A outra é a falta de assunto.

Neste caso há um pouco de cada. Um excesso de atividades combinado a uma falta de assuntos pessoais. (Claro que tem mil coisas acontecendo na política, na economia, no mundo, mas há dez mil blogs melhores para falar destes assuntos).

O fato é que minha vida está parada. Venho percebendo isto há meses (talvez anos), mas há cerca de duas semanas tive um click. Se eu comparar os aspectos da minha rotina atual com a de, digamos, 8 anos atrás (talvez alguns a mais), verei que não há novidade alguma. Posso ter mudado de casa, de trabalho, de faculdade, de namorada, de amigos, de restaurante preferido, de bebida preferida, mas tudo continua o mesmo na essência.

É como ter mudado do DVD pro Blu-Ray, trocado o telefone “lanterninha” por um Smartphone, é mais especificamente como assistir “Sabrina” com Audrey Hepburn e depois “Sabrina” com Julia Ormond. Há quatro décadas de diferença entre as filmagens, um é preto-e-branco e o outro é colorido, mudaram os cenários, os atores, os diálogos... Mas ainda é o mesmo filme.

Às vezes penso que é algum tipo de show. Espero que o IBOPE esteja compensando, mas duvido.