06 janeiro 2008

Feliz Ano Novo

Enquanto termino uns trabalhos que têm me ocupado mais que o desejável, coloco pra vocês um post do Guil, que tem o excelente blog átomo - idéias em fusão. Foi escrito por ele, mas bem que poderia ser escrito por mim...

No meu último post no BLOGuil, eu inventei uma nova seção, a Seção Exumação. Antes que alguém se assuste com o nome, trata-se de fotos de coisas dos anos 80, como a caneta Kilométrica, que inaugurou a seção, seguida de uma pequena descrição do que seria aquela coisa, para quem não sabe ou não se lembra. Eu tenho várias coisas dos anos 80 aqui em casa, e esse foi um dos motivos pelos quais eu decidi criar essa seção. O outro motivo é mais pessoal: Eu tenho muita saudade dessa época.

Eu não escondo isso de ninguém, e todo mundo sabe que eu sou fanático pelos anos 80, mas um comentário da Angelrose me fez refletir e escrever este post mais sério. Ela disse algo do tipo "tão novinhos e tão saudosos".

Realmente eu nunca tinha pensado nisso. Para quem não sabe, eu fiz 25 anos mês passado. Não me considero velho, muito pelo contrário - apesar de sempre brincar dizendo coisas do tipo "quando eu era pequeno as crianças não sabiam o que era sexo, devo estar ficando velho", talvez em uma reflexão crítica inconsciente quanto ao rumo da sociedade. Não sendo tão velho, teoricamente, eu não teria tantos motivos para sentir saudade. Qual seria a razão, então, de eu sentir saudade de simplesmente tudo o que me aconteceu em minha não-tão-distante-assim infância?

Talvez fosse aquela uma época mais feliz. Tinha a Guerra Fria e um restinho da ditadura, é verdade, mas ninguém tinha medo de sair na rua, nem de ficar em casa desempregado pelo resto da vida. Eu costumava dizer, em minha adolescência, que as últimas pessoas que tiveram infâncias felizes foram as que nasceram em 1981. As demais já pegaram uma programação cheia de sexo, violência urbana e power rangers. E quando eu digo "programação", não estamos restritos às telinhas das tevês. Quando eu era pequeno, contava nos dedos os amigos que tinham pais separados: um. Hoje em dia, se você for a qualquer reunião de pais de escolas primárias, vai achar um montão. As músicas não tinham duplo sentido - e, quando o tinham, era político, não sexual. O dinheiro já era importante, é claro, mas não era justificativa para tudo - você sabe que alguma coisa está errada quando todos os brinquedos têm a cara do Gugu.

De uma forma geral, acho que era uma época mais inocente, não porque eu era criança, mas porque toda a sociedade, de forma geral, era menos preocupada com certos vícios, e mais agarrada a certos valores. Acho que eu tinha uns 10 anos quando descobri como as pessoas faziam sexo, e levei um susto - não, eu não vi uma demonstração prática - mas, hoje em dia, com a desculpa de que "precisamos ter crianças bem informadas", qualquer menininha de quatro anos já sabe até algumas posições. Eu jogava pac-man e banco imobiliário, hoje o sobrinho de um amigo meu só quer saber de ver raios enormes e gente explodindo no Dragon Ball, tanto na tv quanto no videogame. Eu só ouvia Xuxa e Balão Mágico, e nem tinha vontade de ouvir "música de adulto". Há uns anos atrás conheci uma menina de 3 anos que sabia todas as coreografias do É O Tchan.

Eu não vou dizer aqui que tudo isso está errado. A sociedade mudou, "evoluiu". Não é errado, apenas diferente. Mas isso me entristece. Fico pensando como será quando eu tiver que criar os meus filhos, se a coisa continuar caminhando dessa maneira. E toda vez que vejo meu astronautinha do Tente na estante, ouço Kayleigh ou assisto a um replay da TV Pirata no Video Show me dá saudade. Talvez não de ser criança, mas simplesmente de ter vivido nos anos 80.
(Postado dia 09 de
abril de 2003 em http://atomo.blogspot.com/2003_04_09_atomo_archive.html)

Pois é... Um feliz ano novo pra todos vocês... Por hora ainda estou no ano velho. Meu calendário mostra 2008 mas ainda tenho várias tarefas de 2007 pra terminar, além dessa saudade de ter vivido nos anos 80.

2 comentários:

Anônimo disse...

Por mim tudo bem, Scotch. É sempre bom saber que alguém se identifica com o que eu humildemente escrevo. Abraços!

Milford Maia disse...

Acho interessante essa nostalgia pelos anos 80.

Também sou desta geração de "até 1981", mas não prezo tanto assim esta década de 80.

Não sei se foi uma época mais inocente, talvez mais consciente de valores e com algum respaldo moral.

Hoje, vivemos em tempos de apatia, de desprezo ao próximo e ao mundo que nos cerca.

Pelo lucro financeiro imediato ou pelo simples hedonismo inconseqüente, pessoas jurídicas e físicas sobrevivem sob efeito de especulações, boatos, entorpecentes e prazeres passageiros.

Confundiu-se liberdade com abandono, conhecimento com excesso de informações, amor com sexo casual.

Como uma vez ouvi na Argentina: "a cada dia, Gardel canta mejor". Ou seja, a impressão de que no passado éramos melhores é comum a todos e não é novidade.

Atualmente tenta-se viver nos anos 80, sejam nas roupas, seja nos filmes, na música.

Reviver os anos 80 é calçar tênis Adidas com solado Goodyear, assistir às várias refilmagens de Hollywood e ouvir The Killers (impressionante como se parece com os escoceses do Ultravox! Mas isto é assunto para O Gato que Pesca...).

Do mesmo jeito, vestiram-se pantalonas "boca-de-sino", sandálias plataforma e óculos Ray-ban, nos anos 90, buscando reviver os anos 70.

São estes ciclos nostálgicos de duas décadas que nos retroalimentam e nos animam a seguir no presente, que pode até não parecer muito interessante, mas é o que de melhor temos em mãos: vive-lo.

Forte abraço! Visite o blog aqui ou acolá!