23 maio 2008

No ônibus

Viajar de ônibus é uma experiência enriquecedora. Você fica totalmente à mercê do motorista, alguém que você não conhece, que decide aonde vai e com que velocidade.

Nada do que você fizer poderá influir no rumo do ônibus. Pode ler, ouvir música, estudar, dormir, olhar a paisagem ou conversar com um colega de viagem. Nada, absolutamente nada muda em relação ao trajeto e tempo de viagem. Não a tornará mais lenta ou mais rápida, não alterará o caminho.

Eu costumava observar as placas de quilometragem nas rodovias e a partir delas calculava a distância que faltava, a velocidade do ônibus e, conseqüentemente, a hora de chegada. Havia nisso uma ilusão de controlar o ônibus, como a ilusão do galo que pensa fazer o Sol nascer com seu canto. Assim como a aurora independe do cantar do galo, calculando ou não a hora de chegada, chego na rodoviária às 18h30 (ou 5h30, dependendo do destino).

Viajando de ônibus, você pode ter a ilusão de controlar algo, na verdade não controla coisa alguma e ainda assim (ou talvez até mesmo por isso) dá tudo certo.

O que mais você pode deixar de controlar para dar certo?

Um comentário:

Milford Maia disse...

Confiança.

Como todo relacionamento, ainda que seja entre motorista e passageiros, sem confiança, não há viagem feliz.

E da mesma forma, tentar controlar variáveis além do próprio alcance, tampouco funciona.

Enfim, há vezes que é preciso permitir conduzir a quem lhe seja de direito e apenas desfrutar da jornada.

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