17 julho 2008

Ser Feliz

O que é “ser feliz” pra você? Ter dinheiro? Ser famoso? Ter a saúde impecável? Ter uma família feliz? Quais destes você escolheria?

Aposto que respondeu “todos”, não foi? Pois então me perdoe por te dar uma má notícia: você não pode ter tudo isso. Algumas pessoas conseguem, quando nascem já ricos e famosos e, se não resolvem se meter com drogas e escolhem bem a companhia, mantém a saúde e conseguem formar uma família feliz, na medida do possível.

A maioria dos que nascem ricos e famosos (ou se tornam rapidamente) desperdiçam a saúde em drogas ou se casam por impulso. Britney Spears que o diga. Mackauley Culkin idem.

A maioria dos mortais tem que suar a camisa se quiser ser rico ou famoso. E suar ainda mais se quiser ser os dois ao mesmo tempo. Participar do clube dos ricos e famosos não é nada fácil. É preciso trabalhar muito até chegar lá, embora depois você possa - se chegar - curtir a sombra e a água fresca. Ou você acha que o Ronaldo não jogou um bocado antes de ganhar um contrato vitalício com a Nike? (Sim,depois participou de um escândalo, mas aí fica sendo assunto pra outro texto).

Nessa busca por dinheiro e fama, algo deve ser deixado de lado. O dia tem 24 horas para cada um de nós: eu, você e até o Jack Bauer. Não dá tempo de trabalhar um bocado, participar das baladas pra sair na coluna social, malhar na academia (além de fazer os checkups médicos periódicos) e ainda se dedicar à família, aproveitar a companhia da mulher e dos filhos (ou dos pais e irmãos) e educar, ouvir, aconselhar. Cada uma dessas coisas leva tempo!

Conheço gente que trabalha em algo que não gosta buscando um dinheiro além do que precisa. Sofrem de stress, insônia e mais uma dezena de problemas psicológicos que nem sabem que têm. Após anos de trabalho árduo, precisam recuperar a saúde que perderam. Outros vivem nas baladas e gastam o dinheiro que não têm e buscam anos depois a saúde que deixaram no copo, no cigarro ou no pó. Isso quando não tornam ao pó (o bíblico) antes.

Como iniciei dizendo, você precisa fazer uma escolha. Você quer ser rico ou feliz? Famoso ou saudável? Vale à pena se matar de trabalhar e não ter tempo para ver os filhos crescendo?

Note que não estou dizendo que é uma coisa ou outra radicalmente. Não é o caso de escolher entre ser um famoso solitário ou um pobre cercado de amigos. Há um nível mínimo de cada coisa sem a qual de nada adianta: os estudiosos chamam isso de satisfação dos fatores higiênicos (não sei a razão do nome, mas aqui tem uma pista).

Todo mundo precisa de um mínimo de cada coisa para ser feliz. Precisa de dinheiro suficiente para se alimentar, se vestir, se educar e até pra algum lazer, tudo o que - na teoria - o salário mínimo deveria proporcionar. Ok, precisa ser mais que o salário mínimo. Mas pense: você seria muito mais feliz se ganhasse muito mais do que ganha? Ganhando pouco você seria infeliz. Mas se você ganhar o triplo do que ganha, sua felicidade seria o triplo? A qualquer custo? Vale a pena largar uma ocupação agradável (que os outros até vêem como hobby), na qual você faz o que gosta na hora em que quer, por um emprego no qual tem que bater ponto e passar o dia fazendo tarefas desagradáveis?

O mesmo se dá com a fama. Aqui e acolá é gostoso ser o centro das atenções dos amigos. Isso alimenta o ego. Mas e se o mundo inteiro lhe reconhecesse? Isso te faria mais feliz? Ou lhe transformaria em alguém egocêntrico, que cultuasse a própria personalidade a ponto de querer se transformar em outra pessoa? Como o Michel Jackson, por exemplo.

Em relação à saúde, faz sentido viver se privando de pequenos prazeres? Brigadeiros, chocolates, um vinho aqui e uma cerveja acolá, pelo culto à saúde? (Exceção feita em caso de restrições médicas ou religiosas). A partir de que ponto o culto à saúde se torna um culto ao corpo? Veja o aspecto dos fisiculturistas e das modelos! A obsessão pela saúde deu lugar à busca do corpo perfeito (na visão deles): o incrível Hulk ou a Olívia Palito.

Quanto à família, não sei o que restringir. Desde que se tenha o dinheiro necessário para viver (e não só sobreviver), a “fama” entre amigos (pra alimentar o ego de vez em quando) e a saúde para gozar as boas coisas da vida, todo o tempo e o esforço que puder, dedique à família. Ela é de onde você veio, o que te situa no mundo e a sua continuação no futuro: te tornam atemporal.

Uma vez, no colégio, minha turma falava de seus sonhos: um queria fazer doutorado no exterior, outro desejava uma Ferrari, um terceiro queria ser o maior advogado do Brasil, outro almejava ser Governador do Estado. De tudo foi dito. O meu sonho provocou espanto: eu queria ser feliz. Tive que esclarecer que longe de ser algo simplório, o meu desejo era mais difícil de realizar do que todos os outros reunidos.

A felicidade, para mim, não está em uma conta bancária “recheada”, em um iate ancorado em Mônaco ou em receber um Oscar de melhor ator. Estou dia a dia buscando a felicidade no equilíbrio entre o tempo dedicado a cada um dos aspectos da vida. Sei o que pode me tornar feliz e estou trabalhando para ter e manter a felicidade.

E, pra você, o que é “ser feliz”?

8 comentários:

Milford Maia disse...

Observando o mundo atual, meu caro Scotch,

Percebe-se uma grande confusão entre fama e riqueza. Veja os ditos 'reality show', a mais pura falsidade na TV, todos pensam que ao expor-se, logo serão conhecidos, famosos.

Mais que isso, são seres humanos com suas vidas, intimidade, passado e presente devastados, invadidos, a troco de que? Dos ditos '15 minutos de fama'? De um dinheiro fácil, que vai fácil, à medida em que se sabe somente gastá-lo e não investi-lo?

E eis que várias 'celebridades', falsas, instantâneas, artificiais surgem, duram o quanto conseguem durar e logo somem.

Dali a pouco, surgem numa publicidade de calças jeans ou moda jovem, num 'outdoor' pelo interior do país, a disputar um nicho de mercado com as estrelinhas efêmeras de novela (outro assunto, para outro dia).

Enfim, felicidade é mais do que fazer o que se quer e ser visto. É poder fazer o que se quer, quando e onde quiser.

Forte abraço! Visite o blog aqui ou acolá!

Anônimo disse...

Ser feliz é aproveitar cada momento, pois eles são únicos e não dar tanta importância às decepções. Se cada vez que nos acontecesse uma coisa ruim, pensassémos em duas boas a vida seria mais engraçada e alegre. Fazemos sempre o contrário.
Todos os dias eu acordo de bom humor, pois a primeira coisa que faço, depois de abrir os olhos, é pensar no que me aconteceu no dia anterior e ver que ele foi preeenchido mais de boas energias que ruins. Assim sempre levanto contente com o que tenho e vou dormir mais ainda com o que conquistei.
É assim que faço para tentar ser feliz todos os dias. Vem dando certo, não com 100%, pois há coisas que nos marcam muito e não a como desconsiderá-las, principalmente quando nos deixam triste.
Grande abraço!!!

Anônimo disse...

Que texto booom!!!

A resposta escreverei outro dia, mas textos assim...e pessoas assim me deixam pouquinho mais feliz =D

Beijos muitos.

Eldinha

Não tente me entender... disse...

Que saudade do tempo em que eu podia comentar aqui...
Fui bloqueada?

Só queria te dizer que eu gostei do texto, sou feliz e sinto saudade de prozear....

Bj

Não tente me entender... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Não tente me entender... disse...

Só para lembrar e recordar...ANTES EU QUERO TE DIZER QUE ME SENTI FELIZ MESMO COM ALGUMA COISA UM POUCO ANTIGA

Scotch Miller disse...
Agora entendi... :)

Li com calma meu próprio post... "Escrevi demais por pessoas que não mereciam nem uma linha."

Escreverei por você, em breve... Porque você merece mais de uma linha. (Por falar nisso, em "Vale a visita", na página do blog, você já pegou duas... Hehehe!)

Abraços.

Não tente me entender... disse...

Scotch
Por você e para você eu não terminei com o Blog Bonequinha de Luxo e postei algumas curiosidades lá...
Quando tiver um tempo visite.

Bom final de semana
Bjs

Pedro Lisboa disse...

Maravilha de texto,
Parabéns!
Muito bom!