07 julho 2009

Inflacionando as estatísticas sensoriais

Há na imprensa politicamente correta uma tendência a mascarar a nossa percepção dos fatos de forma a inflacionar a defesa da “causa”.

De vez em quando encontro, nos jornais, manchetes que chamam a atenção para vítimas de preconceitos. Uma hora é um homossexual, na outra um sem-terra, amanhã o que será? Uma releitura um pouco mais apurada da notícia, usando um mínimo de senso crítico, nos mostra que não é bem assim.

O professor universitário homossexual foi morto ao reagir a um assalto. O criminoso não perguntou suas preferências sexuais e só então atirou. O professor saía da aula às 10 horas da noite e havia deixado o seu carro em um local escuro, afastado da faculdade. (Na época achei que a notícia era um fato isolado, não uma tendência, e não guardei o link.) A manchete deveria ser “Professor universitário é morto em assalto” ou “Professor reage e morre em assalto” mas era algo como “Professor homossexual é assassinado brutalmente”.

Agora a manchete me chama a atenção: Cinco integrantes do MST são mortos em Pernambuco. No final da notícia, o próprio coordenador estadual do MST, Jaime Amorim, diz “não acreditar em motivações agrárias para o crime, já que o assentamento é consolidado e não apresenta registro de conflitos.”

Então por que a manchete não é “Cinco agricultores são mortos em Pernambuco”? Seria bem mais sensacionalista! Imediatamente o leitor imaginaria velhinhos com pele morena do sol e enrugada, com mãos calejadas, placidamente cavando a terra com suas enxadas. Teria curiosidade de ler para saber o que motivou alguém a matar os seus imaginados velhinhos.

Da forma como a manchete está, o leitor talvez nem leia a notícia pois, saturado de invasões de terra e conflitos pela (pretensa) reforma agrária, deduz (errado, neste caso) o resto da história. Então não se justifica pelo ponto de vista do sensacionalismo e da necessidade de atrair leitores.

Informação de verdade também não é, pois coloca no topo da página, com letras garrafais, um dado totalmente desconectado da notícia. Serem do MST, para o ocorrido, é tão importante quanto serem pernambucanos, terem o CPF com dígitos 83 ou possuírem celulares chineses. Talvez este último exemplo fosse até mais relevante, caso se provasse que são contrabandistas foragidos que não pagaram o tributo à máfia japonesa.

Então, se não é informação nem sensacionalismo, o que motiva o editor a colocar a sigla “MST” na manchete? Só posso crer que seja a tentativa de inflacionar as estatisticas sensoriais do leitor, ou seja, de provocar no leitor a simpatia pela causa dos sem-terras. Quanto mais manchetes tiverem mortes de integrantes do movimento, mais parecerá ao leitor desinformado e acrítico que a categoria é vítima da violência, que é injustiçada e perseguida.

Assim, não bastam os cadáveres das invasões criminosas provocadas pelo MST. O movimento se apropria até dos cadáveres que não lhe pertencem. Não bastam as verdadeiras vítimas de preconceitos, é preciso aumentar o número.

PS: Eu sei que falando coisas assim não me torno uma pessoa politicamente correta. Mas serei politicamente incorreta sempre que o “politicamente correto” for logicamente incorreto. Não tento justificar movimentos skinheads, acho que todo preconceito é condenável, ainda mais se passar das palavras às ações. Mas dai a César (só) o que é de César!

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