20 janeiro 2012

Estou proibido...

 
Estou proibido de sentir raiva de quem nunca está com o telefone celular ligado ou, quando está, não atende. As notícias ruins voam, logo as saberia com celular ou sem. E as boas, quando (e se) a pessoa me achar digno de saber, me ligará. Ademais, é escolha minha telefonar e é escolha dela atender e deixar o celular desligado.

Quem sou eu pra querer controlar o estado do aparelho de outra pessoa? “Ligue!” “Desligue!” “Mude o toque!” “Tire este papel de parede!” Ridículo... Se a pessoa não compra uma bateria nova ou um carregador sobressalente, talvez tenha outras prioridades em relação às compras. E se não usa, mesmo tendo, é porque não dá importância a telefones.

Pode ser que ela não queira me atender e ignora a chamada ou programa o smartphone pra bloquear quando é meu número. Eu já fiz isso com quem só me liga quando precisa. Talvez ela me veja assim. Direito dela não atender.

“Mas é preciso ter celular. E se acontece alguma coisa?” É... Vai ver que foi por isto que aconteceu a Revolução Francesa. Ninguém teve como avisar os guardas que iam tomar a Bastilha, né? (Sim, a intenção é ser irônico.) Se acontecer algo, a gente dá um jeito, nem que pra isto tenha que correr 42 quilômetros. Ou mandar um Filípides que esteja por perto correr por nós.

De qualquer forma, acontece tantas vezes de ligar e não conseguir falar que eu já sei (ou deveria saber, se tivesse mais QI que uma ameba) que a pessoa não vai atender. Se eu ligo, conscientemente corro o risco. Se é pra ter raiva, tem que ser de mim mesmo, por ter tentado mais uma vez. No mínimo, ao ligar, preciso estar preparado pra não ser atendido. Não devo sentir raiva. Estou proibido.

Estou proibido também de ter pena de quem está doente e não procura um médico. Ou de quem sofre de dor num dia, pensa até que vai morrer de tanto sofrimento, mas no dia seguinte, só porque já não dói mais, falta à consulta marcada. Por mais corrido que seja o dia, o que pode ser mais importante que ter saúde?

Mas cada um sabe onde dói, conhece sua dor. Vou cuidar das minhas e cada um que cuide das suas. Não critico mais quem adia infinitamente sua cura, é escolha sua. Mas não me peça para ter pena. Como dizia minha vó, “quem toma o mal por sua mão não merece perdão”. Tomar o mal ou evitar o bem, pra mim, dá no mesmo. Não posso ser compassivo pra quem não tem compaixão por si mesmo.

Não posso e não devo me preocupar com alguém mais do que essa pessoa mesmo se preocupa. Em outras palavras, cuido da minha vida e deixo que ela cuida da dela. Não posso sentir raiva de quem não se cuida. Estou proibido.

Dois desabafos sobre coisas que andam me chateando bastanta em pessoas que quero muito bem (e que dizem me querer bem também): dificilmente atendem minhas ligações e não se cuidam.
Desculpe-me se te chateio com estes desafogos.

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei