07 julho 2015

Querido diário


Em algum dia no passado - cuja data precisa não vem ao caso neste momento - eu me graduei em uma universidade pública federal e iniciei meu mestrado pela PUC-SP.

Dividi um apartamento com outros mestrandos, fiz amizade com uma estudante coreana e com um professor mexicano que odiava tequila, discuti com um professor nascido em Dresden que me xingou em alemão (depois descobri o que era e, não se preocupem, no dia eu o xinguei de coisas até piores, estamos quites) e conheci o amor da minha vida.

Casamos logo após a defesa da monografia, com direito a recepção para 500 amigos. Fizemos juntos o doutorado no exterior e tivemos duas filhas gêmeas após a conclusão. Minha tese de doutorado foi matéria de capa na revista Science. Não a manchete principal, só uma chamada no pé da página mas já é algo a se orgulhar.

Voltamos ao Brasil, tivemos mais um filho (um menino) e, após dois anos trabalhando no Brasil, fomos contratados por uma multinacional de Hong Kong. Visitamos o Brasil frequentemente, talvez menos do que gostaríamos.

Meu pai está aposentado e muitas vezes preciso ter cuidado ao marcar a viagem para o Brasil pois ele e minha mãe vivem viajando pelo mundo, curtindo a terceira idade, e já aconteceu de nos desencontrarmos. E também já aconteceu de combinarmos férias conjuntas em Nova York. Durante muitos anos eles se desentenderam, mas por fim se reapaixonaram e hoje são uma inspiração para os casais mais novos.

Em algum dia no passado este poderia ter se tornado meu futuro. Deve ter sido em algum universo paralelo, mas não neste.

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