22 julho 2007

O amor da sua vida

Aos grandes amigos se permite muitas coisas perigosas, inclusive falar coisas que podem magoar, sem que recebam alguma resposta imediata e raivosa.

_ Esse foi o amor da sua vida.

Assim um grade amigo encerrou um assunto. O primeiro impulso foi negar, a primeira vontade foi sair. Mas não era qualquer amigo que falava: era um grande amigo.

Qualquer palavra merece tanta consideração quanto damos às pessoas que as dizem. Assim, as coisas ditas por nossos familiares e pelos grandes amigos merecem toda a consideração do mundo. Passei dias com aquela frase na cabeça...

Não se tratava de negar por negar. Nem como um ato de desespero, negando um fato. Porque não era um fato, parecia uma sentença mas eu sentia que não estava obrigado a obedecer!

O grande amor da vida da gente não magoa, não fere, não trai, não inventa mentiras, não difama, não envenena... Porque o grande amor da vida da gente é, antes de tudo, amor e por isso “é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” e também porque “o amor jamais acaba” (I Cor 13:4-8).

Ora, de um lado podia ser benigno, mas do outro não era. De um lado era sofredor, do outro pouco importa. De uma parte tudo sofria, tudo cria, tudo esperava e (quase) tudo suportou, mas de outra parte era invejoso e soberbo, se vangloriava, se portava inconvenientemente e principalmente se irritava. Então não foi o grande amor da minha vida, pois de outra parte amor nunca foi.

Mas, se não foi amor o que recebi, restava a questão principal: eu já tivera o “amor da minha vida”?

Ora, que amei não nego. E engana-se quem pensa que amamos somente uma vez na vida.
Mas esse só vai ser o grande amor da minha vida se eu deixar: se eu desacreditar o amor, se eu me fechar para todas as novas experiências, se eu me tornar uma pessoa amarga.

Esse foi o grande amor da minha vida? Existe isso de “o amor de uma vida”? E, caso exista, está limitado a acontecer uma única vez?

Ora, a frase dita “esse foi o amor da sua vida” poderia até soar como uma sentença, mas somente se eu deixar que assim seja. Seria uma grande ingratidão minha com o mundo inteiro se eu deixasse que a pessoa que provavelmente menos me amou se tornasse o grande amor.

Então eu escolho que meu grande amor ainda não veio. O amor da minha vida pode ser o próximo, pode ser o outro, pode ser o seguinte. Pode ser o último (tomara que seja!). E pronto!

O grande amor da nossa vida não é uma sentença. Ele é uma escolha!

PS: E, no fundo, acho que amei mais outras pessoas antes e depois desse tal “grande amor”.

4 comentários:

Milford Maia disse...

Realmente, Alesya,

Que o amor seja uma questão de escolha, mais do que uma sentença ou encargo.

Forte abraço! Visite o blog!

Anônimo disse...

" O amor é o fogo que arde sem doer, é ferida que dói e não se sente...". Enquanto amamos, não sentimos dor alguma, mas depois que começamos a nos magoar pode ter certeza de que esse amor não existe mais. Poderia ter sido o amor de sua vida, pois você sentia isso na época. Ou, então, enganou-se.

Anônimo disse...

Profundo... E altamente verdadeiro...

Anônimo disse...

Adorei suas palavras...
Ontem me disseram "Não fale assim do amor da sua vida", referindo-se a alguém que fazia parte do meu passado.
E eu pensei: "Nossa! Como assim o 'amor da minha vida'??"
Seu texto traduziram meus pensamentos.
Felicidades!
Grande beijo!