14 abril 2008

Sobre certas coisas politicamente corretas - I

Afro-descendente... Como respeitar um afro-descendente? Não há meios... Dá pra respeitar um negro, um preto, um mulato...

Afro-descendente é um termo de quem tem vergonha da própria cor, de quem tem vergonha de sua bagagem cultural brasileira e busca numa fictícia mãe África as razões do seu orgulho.

A África não é mãe dos nossos negros. No máximo é bisavó. A identidade cultural do negro brasileiro é riquíssima e foi criada e modificada quase que completamente no Brasil. para ficar nos exemplos mais comuns: a capoeira foi inventada no Brasil, na senzala. O candomblé foi a combinação dos cultos africanos com o catolicismo do europeu, mistura genuinamente brasileira. A feijoada, invenção brasileira. O samba... Se você for à África, a todos os países africanos, não encontrará nada parecido com a capoeira, o candomblé, a feijoada ou o samba.

Talvez seja diferente na América Central ou nos Estados Unidos. Talvez lá os negros tenham conservado a cultura de seu país (e tribo) de origem. Mas não no Brasil. Aqui os negros fizeram como todos os brasileiros fazem, misturando, mesclando e assim inovando. Não começamos isso com o Movimento Antropofágico (da Semana de Arte Moderna de 1922). Começamos isso misturando luta com dança, Maria com Yemanjá, feijão com orelha de porco e muito ritmo.

É ridículo querer parecer um embaixador de algum país africano ou soberano de alguma tribo perdida. É renunciar à própria cultura (belíssima) trocando-a por uma que não lhe pertence. É ter vergonha de si mesmo. É ser colonizado. É ser preconceituoso contra si próprio.

Meu negro, se alguém disser que você é afro-descendente, pode ter certeza de que ele quer roubar sua identidade. Dê-lhe um pisão no pé e diga bem alto:
_ Afro-descendente, não! Eu sou um negro brasileiro e tenho orgulho disso!

2 comentários:

Não tente me entender... disse...

Se a população brasileira é composta por várias raças misturadas, não faz sentido esta historinha de branco, negro, amarelo ou índio...nossa raça é pura mistura... bem, eu penso assim...

Obrigada pelo convite!
Estava com saudade!
Beijos
Cláudia

crer---ser disse...

Oi.
Assim como a Cláudia,eu também penso que somos todos uma mistura de raças, ou afro-descendentes, ou índios descendentes ou outra descendência quaisquer. A única certeza, é que não somos uma raça pura.
As oportunidades estão disponíveis em vários níveis,cabendo a cada um saber aproveitá-la.
Estabelecer cotas para negros, índios , pobres, ricos, brancos, amarelos, vermelhos, azuis... É estabelecer um auto-preconceito, é assumir a incapacidade perante aos outros , a incompetência dos governantes(mascarar a pessíma qualidade de ensino). Cota é colocar o incompetente em igualdade com aqueles que aproveitam as oportunidades de estudo, sendo ele rico pou pobre, pois quem faz a diferença é a pessoa.