Isso nem é tanto pelo fato de concordar inteiramente com ele, mas pela argumentação consistente. Se tivesse opinião contrária à minha e mantivesse o raciocínio lógico, seria publicado também. (Se bem que o raciocínio lógico sempre nos levará para as conclusões apontadas).
A classe média, única interessada a fazer algo para mudar o status quo, não tem tempo para isso. Precisa trabalhar, estudar, pagar contas, criar os filhos, cuidar dos pais idosos...
Espero que haja tempo, 5 minutos por dia, ao menos, para que a classe média tente mudar o que pode, para sua própria sobrevivência. Antes que seja tarde...
Pelo que se pode compreender do texto [O que você faz para mudar o que não aprova?], existem:
- Uma minoria que vive das regalias que o sistema lhe dá, não precisa que nada mude.
- Uma imensa massa de manobra, ‘dopada’ por assistencialismos e falsos benefícios.
- Uma classe média, achatada e arrochada, por uma economia presa ao capital especulativo, ou seja, volátil, impostos sufocantes e, para completar, tolhida de liberdade de expressão.
Mas o que fazer?
A 1ª categoria detem a maior parte do capital e o poder político (além de ir a Miami e a NY fazer compras regularmente), não quer mudar.
A 2ª categoria listada, que é a grande maioria da população, não quer mudar, ja que é facilmente manipulada pela 1ª, ainda que pense o contrário, pois age com rancor e ódio, ao ver que não possui o que a classe social imediatamente superior possui (e a culpa por isso, não por sua própria inaptidão e despreparo).
E quem é essa outra classe? Sim, é a classe média, que paga colégio, paga plano médico, que paga pedágio, que paga IOF, que paga inteira no cinema, enfim, que tudo paga e nada recebe do Estado.
(Aliás, a festa das carteiras de estudante fraudulentas é mais um ‘benefício’ que os estudantes, aqueles que deveriam ser mais conscientes, fazem-se de coitados para recebê-lo, ao invés de rechaçar tal suborno para ver cinema enlatado e de baixa qualidade).
Falta cobrar? Sim, falta. Mas quando? Esta classe precisa se preocupar em trabalhar, em empreender, em vencer impostos e custos altíssimos, não lhe resta tempo, tampouco energia para reivindicar.
E a quem restaria tal tempo e tal energia? Ao que não lhes interessa mudar o status quo da nação, vejam só!
Ciclo vicioso? Sim. País viciado? Talvez. Ou seria somente a vocação de uma terra, a de ser meramente explorada e espoliada, é “tirar pau-brasil e levar pra Europa”, é vender suco de laranja para os “States” e beber suco Del Valle embalado a vácuo, vindo do México (filial de língua asteca dos próprios “States”, que vive o mesmo dilema tupiniquim) ao triplo do preço.
Esta terra “deitada eternamente em berço esplêndido”, só vai acordar quando esta mesma classe média extinguir-se, ou por falência do próprio sistema ou por desistência, ao imigrarem para países socialmente mais equilibrados, como Canadá e Austrália.
E, sinceramente, quando chegarmos a este ponto, já será tarde, tarde demais.
2 comentários:
Uau,
Agora você pegou pesado!
Estou em Portugal visitando minha filha...
Sinto falta de suas visitas !
Beijos ... de ternura
Uma perola para estes seus ultimos posts...
Apenas duas palavras
Havia um certo monastério Soto Zen que era muito rígido. Seguindo um estrito voto de silêncio, a ninguém era permitido falar. Mas havia uma pequena exceção a esta regra: a cada 10 anos os monges tinham permissão de falar apenas duas palavras. Após passar seus primeiros dez anos no monastério, um jovem monge foi permitido ir ao monge Superior.
"Passaram-se dez anos," disse o monge Superior. "Quais são as duas palavras que você gostaria de dizer?"
"Cama dura..." disse o jovem.
"Entendo..." replicou o monge Superior.
Dez anos depois, o monge retornou à sala do monge Superior.
"Passaram-se mais dez anos," disse o Superior. "Quais são as duas palavras que você gostaria de dizer?"
"Comida ruim..." disse o monge.
"Entendo..." replicou o Superior.
Mais dez anos se foram e o monge uma vez mais encontrou-se com o seu Superior, que perguntou:
"Quais são as duas palavras que você gostaria de dizer, após mais estes dez anos?"
"Eu desisto!" disse o monge.
"Bem, eu entendo o porquê," replicou, cáustico, o monge Superior. "Tudo o que você sempre fez foi reclamar!"
(Este é um conto comum em alguns locais Soto ocidentais. Não existe certeza se é um conto Zen original. Como muitas anedotas, esta aqui nos faz rir, mas também nos encoraja a refletir sobre o quê há de engraçado nisso tudo...)
Beijos de carinho
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