21 julho 2009

Amigo ponto com

Para meus amigos reais, onde quer que estejam (São Paulo, Teresina, Taiwan, etc.): Feliz Dia do Amigo!
O que é um amigo à distância? É um amigo pior? Uma amizade menor? Permita-me perguntar de outra forma: o que é um amigo distante? Ficou mais difícil de responder, não é?

Você já esteve ao lado de um amigo de longa data que não prestava atenção no que você estava falando? Que não notou que você estava triste, chateado ou melancólico? O que você pensou? Aposto que foi “poxa, como o Fulano tá distante hoje”.

Se você consegue caracterizar como “distante” uma pessoa que está ao seu lado, por que não pode dizer que tem um amigo próximo que mora longe? Um grande amigo que mora do outro lado do mundo?

O DDD, o fax e, mais recentemente e de forma muito mais poderosa, a internet acabaram com qualquer distinção de distância. As empresas trocaram grandes escritórios por serviço feito em casa e enviado por email. As reuniões de gerentes regionais já não exigem deslocamentos aéreos - basta uma conexão rápida e um programa de teleconferência. Por que as relações afetivas iam ficar imunes a isso?

Antigamente era mais difícil que amigos que morassem longe fossem “próximos”. As cartas demoravam dias ou semanas para chegar e as notícias envelheciam antes de serem contadas. Em uma noite de desespero, de extrema tristeza, de que adiantava escrever uma carta para colocar no nos correios no dia seguinte e esperar uma semana pela resposta? Até lá a felicidade haveria de chegar. Ela ou o suicídio.

Ainda assim, grandes amizades se faziam ou se mantinham. Entre familiares, entre escritores, entre políticos. A tecnologia das comunicações subverteu o conceito de distância. Se há 30 anos uma ligação de Fortaleza a São Paulo demorava umas 3 horas, hoje eu ligo se quiser pro Japão por DDI. Ou por VOIP, que é melhor ainda. Sabendo o número (e russo), converso com a Estação Orbital Mir.

Se estou triste, ligo pra qualquer cidade do Brasil onde tenho amigos. Se espirro no Twitter, logo recebo uma dica de xarope por Direct Message. Converso sobre política no MSN e sobre relações humanas no GTalk.

Converso mais com pessoas a milhas de distância do que com meu vizinho, cujo nome, a propósito, não sei. Não são amigos virtuais e reais. Todos são reais. Alguns são “digitais” ou “eletrônicos” e outros são “convencionais”. Mal comparando, é como se fossem as cartas e os e-mails.

Só quem não percebeu que houve essa revolução das comunicações pode menosprezar o valor de uma amizade simplesmente porque as pessoas estão fisicamente distantes.

E quem não entende isso está mal preparado para o futuro.